Iniciativa Liberal vota contra proposta que “atrasa e adia” o país
OE2021
13 de out. de 2020, 11:32
— Lusa/AO Online
“Confirma-se
o que já tínhamos temido: este orçamento não serve a Portugal, adia o
início da recuperação económica e protege o Estado, protege a função
publica, desprotege a criação de emprego e desprotege as empresas”,
declarou o deputado único da IL, João Cotrim de Figueiredo, em
declarações aos jornalistas na Assembleia da República.O
deputado liberal começou por lamentar que os seus pedidos de redução e
simplificação do sistema fiscal não tenham sido atendidos pelo governo,
contrariando o que considerou uma “demagogia” da redução da carga fiscal
no orçamento do próximo ano.“Não há
desagravamento nenhum, aproveito aliás para esvaziar já uma narrativa,
que sei que vai acontecer, que é a da suposta baixa da carga fiscal
neste orçamento. A carga fiscal desce pura e simplesmente porque há uma
redução das receitas ficais, não é porque o governo tenha reduzido uma
única taxa”, sustentou.Para Cotrim de Figueiredo, a revisão em baixa prevista no orçamento para as tabelas de IRS é “cinismo político”.“Dizer
às pessoas que têm mais dois ou três euros por mês para que em abril ou
maio do ano seguinte recebam exatamente o mesmo montante a menos em
termos de reembolso é brincar com a vida das pessoas”, justificou.Sobre
o Novo Banco, o deputado liberal considerou haver uma “mistificação
total” e “atrapalhação visível” do Ministério das Finanças sobre a
questão, apontando que por um lado “não vêm empréstimos do Estado
diretamente para o Fundo de Resolução” mas por outro lado “não se fala
na Caixa [Geral de Depósitos] que tem cerca de 40% de quota de mercado e
que vai ela ter que emprestar também ao Fundo de Resolução”.“Diz-se
que são cerca de 470 milhões de euros que do Fundo serão injetados no
NB, dos quais 200 resultados próprios do fundo e 276 empréstimos do
sistema, mas olha-se para o acordo de capital contingente do NB e as
necessidades do NB para 2021 vão ser pelo menos de 600 ou 700 milhões de
euros – de onde virá essa diferença?”, questionou.João
Cotrim de Figueiredo apontou ainda que o OE “não toca” na questão dos
fundos europeus previstos para o país, nomeadamente como vão ser
aplicados e mostrou-se ainda preocupado com a “aplicação prática” neste
orçamento das novas regras de contratação pública e das expropriações.Lamentou
também que não haja no documento “uma linha” sobre o reforço do sistema
de saúde para colmatar as falhas em consultas e cirurgias causadas pela
pandemia, nem sobre a educação para compensar “o atraso dramático” no
ano letivo dos alunos.A proposta de
orçamento para 2021 será votada na generalidade em 28 de outubro,
estando a votação final global do documento marcada para 26 de novembro.