Inflação retira 65 euros de poder de compra ao salário mínimo
17 de out. de 2022, 10:56
— Lusa/AO Online
Números
publicados pela base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel
dos Santos para assinalar o Dia Internacional para a Erradicação da
Pobreza, que se assinala hoje, revelam que o impacto da inflação – que
atingiu em setembro dados que já não se viam desde 1992 – faz baixar o
poder de compra de quem recebe o salário mínimo de 705 euros para 639.Já
as pessoas que recebem pensões mínimas de velhice e invalidez (278,05
euros) ficam na prática com 252 euros devido à inflação, menos 25,9
euros de poder de compra do que há um ano.O
estudo da Pordata alerta que já em 2020, primeiro ano da pandemia, o
número de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social, que vinha a
descer desde 2014, aumentou 12,5%, o que fez Portugal passar do 13.º
para o 8.º lugar dos países com mais população em risco de pobreza entre
os 27 da União Europeia.Entre 2019 e
2020, Portugal piorou a sua posição noutros dois indicadores relativos à
pobreza: a taxa de risco de pobreza (passou de 12.º para 10.º) e a
desigualdade na distribuição do rendimento (do 10.º para o 8.º).Mas
foi no indicador relativo às condições de alojamento que Portugal ficou
pior: Foi o 2.º país dos 27 com mais pessoas a viver em alojamentos com
más condições (25%) em 2020 e no ano seguinte foi o 5.º país com mais
população incapaz de aquecer convenientemente a habitação (16%). Ainda
assim, Portugal está mais bem posicionado no que diz respeito à
situação alimentar, tendo sido, em 2021, o 2.º país dos 27 em que mais
pessoas pobres conseguiam assegurar uma refeição de carne, peixe ou
equivalente vegetariano de 2 em 2 dias (são 6% os que não o conseguem
fazer).Os grupos mais afetados pela
pobreza em Portugal são os agregados com crianças dependentes, os
menores de 18 anos e os desempregados, revelam os dados da Pordata.Em
Portugal, o valor abaixo do qual alguém é considerado pobre situava-se,
em 2020, nos 6.653€ anuais, o que equivale a 554€ mensais (em 12
meses). Quase 40% dos agregados familiares com declaração de IRS em 2020 auferiam apenas 833€ mensais em 2020. Nesse
ano aumentou também, pela primeira vez desde 2015, o número de
agregados familiares no escalão mínimo de IRS, ou seja, em 2020 o número
de famílias que recebia 416€ mensais subiu 8,6% face a 2019.O
desemprego médio anual, que estava em rota descendente desde 2014,
subiu em 2020 um total de 22,5% face a 2019 e no ano seguinte a média
anual de desempregados inscritos no Instituto de Emprego e Formação
Profissional (IEFP) não só não recuou como ainda aumentou 0,3% em
relação a 2020. Ou seja, segundo a Pordata, em 2021, havia cerca de 23% mais desempregados inscritos do que antes do início da pandemia em 2019.Também
o número de pessoas a receber o Rendimento Social de Inserção (RSI)
aumentou 1,6% em 2021 face a 2020, para um total de 262 mil pessoas.Embora
em 2020 tenha caído o número de beneficiários, no ano passado este
número aumentou para mais perto dos valores de 2019. Desde 2012 que o
número de beneficiários do RSI apresentava uma tendência decrescente.