Inflação é “desafio n.º 1” da política macroeconómica em Portugal
Estado da Nação
20 de jul. de 2022, 08:21
— Lusa/AO Online
Paes
Mamede, coordenador do relatório do Instituto para as Políticas
Públicas e Sociais (IPPS-ISCTE), já na sua 4.ª edição, admitiu que as
incertezas causadas pelos efeitos da pandemia de covid-19 e da guerra na
Ucrânia resultam em incerteza nas estratégias de recuperação do país, o
que inspirou o título “Recuperação em tempos de incerteza”. O “mais difícil de imediato” nessa estratégia de recuperação é “saber como lidar com o problema de inflação”, afirmou.“É
uma das questões mais óbvias. Há muitas dúvidas e muita polémica sobre
quais são as origens da inflação. Até que ponto é que se deve ou não
atualizar os salários para limitar o impacto da queda do poder de compra
das pessoas que dependem dos seus rendimentos de trabalho, das pensões e
se isso vai ou não agravar a própria dinâmica de aumento geral de
preços”, argumentou.Esse, sublinhou, é “o desafio número 1 neste momento do ponto de vista da política macroeconómica” em Portugal.A
Comissão Europeia reviu em alta de 2,4 pontos percentuais (p.p.) a taxa
de inflação para Portugal, para 6,8% este ano, ainda que abaixo dos
7,6% previstos para a zona euro.De acordo
com as previsões macroeconómicas intercalares, divulgadas em 14 de
julho, o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) deverá subir
em Portugal de 0,9% em 2021 para 6,8% em 2022, antes de cair para 3,6%
em 2023. À Lusa, Paes Mamede explicou que o
objetivo do relatório do IPPS-ISCTE é “proporcionar um retrato da
situação do país nas várias áreas da governação, percebermos quais são
os principais desafios, as principais oportunidades e depois analisar
com mais profundidade em cada uma das áreas uma medida de política
pública, entre muitas que seria possível analisar”.O
relatório tem quase 90 páginas que juntam contributos de 15
investigadores em 13 capítulos que correspondem outras tantas áreas da
governação – Saúde, Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia, Proteção
Social, Emprego, Economia, Estado, Justiça, Transportes, Habitação,
Democracia e Demografia.