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Indústria apreensiva com crise no setor do atum nos Açores

Associação Pão do Mar junta a sua voz à preocupação expressada pela APASA e critica Governo Regional por não concretizar medidas


Autor: Nuno Martins Neves

Éuma crise anunciada, diz Associação de Conserveiros de Peixe dos Açores Pão do Mar, em comunicado, partilhando a preocupação com a crise no setor do atum nos Açores expressada pela APASA (Associação de Produtores de Atum e Similares dos Açores), na semana passada.

Em nota de imprensa, a Pão do Mar diz ter recebido com “forte apreensão”o comunicado da APASA, pois as conserveiras são diretamente afetadas pelas “debilidades no segmento da caputa” da matéria-prima “essencial para a indústria conserveira e que justifica a razão de ser da existência de cinco unidades industriais nos Açores exclusivamente destinadas à transformação do atum”.

Se a APASA afirmou estar a assistir ao princípio do fim da pesca de atum nos Açores, a Pão do Mar diz que será, também, “o princípio do fim da indústria da transformação do atum nos Açores, pois sem matéria-prima na região as unidades industriais passam a ser totalmente inviáveis”.

A nota de imprensa passa em revista os números da indústria conserveira nos Açores, responsável por “centenas de postos de trabalho diretos nas ilhas de São Miguel, Terceira, São Jorge e Pico e centenas de postos de trabalho indiretos nestas e em outras ilhas da Região, incluindo os associados à pesca”.

Mas não só: são, igualmente, “marcas de identidade açoriana que levam as conservas açorianas ao mundo, estando presentes em mais de 40 países”.

A Pão do Mar destaca o aumento do preço do Bonito regional, em mais de 20% nos últimos dois anos, “esforço este que visou responder à crise da produção”, mesmo tendo de suportar um “significativo aumento dos custos industriais, designadamente com azeite, energia, combustíveis, manutenção e transportes”.

Considerando que a indústria é a única a dar resposta e apoio aos esforços e reivindicações da pesca, a Pão do Mar revela ainda que o setor da transformação opera em condições “absolutamente adversas”, tais como o fornecimento de proximidade de matéria-prima (atum) que “está em crise e luta pela sua sobrevivência”; os custos da mão-de-obra, gestão e manutenção industrial que são “superiores ao do continente”; e os níveis de operacionalidade da Lotaçor “”muito aquém do necessário”, além de “cobrar as taxas mais elevadas da Península Ibérica (e mais do dobro das cobradas pela congénere madeirense)”.

O quadro negro desenhado pela associação de conserveiros é do conhecimento do Governo Regional, refere o comunicado, acusando o poder político de não implementar nem concretizar as medidas “desenhadas e assumidas” para a sua mitigação.

“Estamos realmente a assistir a uma morte lenta que terá impactos relevantes na economia regional, ao nível do emprego, das exportações e da identidade da produção açoriana. Tal não acontece, porém, por falta de aviso”.