Indústria apreensiva com crise no setor do atum nos Açores

25 de jul. de 2024, 09:10 — Nuno Martins Neves

Éuma crise anunciada, diz Associação de Conserveiros de Peixe dos Açores Pão do Mar, em comunicado, partilhando a preocupação com a crise no setor do atum nos Açores expressada pela APASA (Associação de Produtores de Atum e Similares dos Açores), na semana passada.Em nota de imprensa, a Pão do Mar diz ter recebido com “forte apreensão”o comunicado da APASA, pois as conserveiras são diretamente afetadas pelas “debilidades no segmento da caputa” da matéria-prima “essencial para a indústria conserveira e que justifica a razão de ser da existência de cinco unidades industriais nos Açores exclusivamente destinadas à transformação do atum”.Se a APASA afirmou estar a assistir ao princípio do fim da pesca de atum nos Açores, a Pão do Mar diz que será, também, “o princípio do fim da indústria da transformação do atum nos Açores, pois sem matéria-prima na região as unidades industriais passam a ser totalmente inviáveis”.A nota de imprensa passa em revista os números da indústria conserveira nos Açores, responsável por “centenas de postos de trabalho diretos nas ilhas de São Miguel, Terceira, São Jorge e Pico e centenas de postos de trabalho indiretos nestas e em outras ilhas da Região, incluindo os associados à pesca”.Mas não só: são, igualmente, “marcas de identidade açoriana que levam as conservas açorianas ao mundo, estando presentes em mais de 40 países”.A Pão do Mar destaca o aumento do preço do Bonito regional, em mais de 20% nos últimos dois anos, “esforço este que visou responder à crise da produção”, mesmo tendo de suportar um “significativo aumento dos custos industriais, designadamente com azeite, energia, combustíveis, manutenção e transportes”.Considerando que a indústria é a única a dar resposta e apoio aos esforços e reivindicações da pesca, a Pão do Mar revela ainda que o setor da transformação opera em condições “absolutamente adversas”, tais como o fornecimento de proximidade de matéria-prima (atum) que “está em crise e luta pela sua sobrevivência”; os custos da mão-de-obra, gestão e manutenção industrial que são “superiores ao do continente”; e os níveis de operacionalidade da Lotaçor “”muito aquém do necessário”, além de “cobrar as taxas mais elevadas da Península Ibérica (e mais do dobro das cobradas pela congénere madeirense)”.O quadro negro desenhado pela associação de conserveiros é do conhecimento do Governo Regional, refere o comunicado, acusando o poder político de não implementar nem concretizar as medidas “desenhadas e assumidas” para a sua mitigação.“Estamos realmente a assistir a uma morte lenta que terá impactos relevantes na economia regional, ao nível do emprego, das exportações e da identidade da produção açoriana. Tal não acontece, porém, por falta de aviso”.