Incineradora em São Miguel não chega para metas de reciclagem, diz Movimento Salvar a Ilha
25 de jan. de 2020, 11:38
— AO Online/ Lusa
Em declarações à agência Lusa, Filipe Tavares, representante do movimento cívico “Salvar a Ilha”, explicou que o projeto da MUSAMI – Operações Municipais do Ambiente para o Ecoparque da Ilha de São Miguel “não irá cumprir as metas comunitárias de reciclagem e que a configuração de algumas unidades de tratamento é claramente deficitária”, já que “a taxa de reciclagem prevista [no projeto] para 2024 é apenas 39%, sendo que a meta de 2025 é de 55%”, concretizou.O movimento que junta várias associações ambientalistas reuniu-se hoje de manhã com a Associação de Municípios da Ilha de São Miguel (AMISM) e com representantes da MUSAMI, deixando várias recomendações, das quais se destaca “o envio do refugo de São Miguel para eliminação na ilha Terceira”.“De acordo com um relatório recente da TERAMB [Empresa Municipal de Gestão e Valorização Ambiental da Ilha da Terceira], que detém a incineradora da ilha Terceira, para onde são encaminhados os refugos de sete ilhas do arquipélago, a capacidade de incineração instalada nesta ilha é de 55.000 toneladas/ano. Atualmente, estão a queimar na ilha Terceira 24.000 toneladas/ano, o que deixa uma margem excedentária na ordem das 31.000 toneladas, que é suficiente para absorver o refugo de São Miguel”, concretizou o ambientalista.Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Ponta Delgada, que preside também à AMISM, José Manuel Bolieiro, considerou que “esta reunião foi um ponto de partida e não um ponto de chegada” e que ambas as partes “vão manter o diálogo na busca de soluções”.O processo de construção da incineradora em São Miguel arrasta-se desde dezembro de 2016, altura em que a AMISM decidiu, por unanimidade, avançar com a construção.Além das contestações por parte de associações ambientalistas, o concurso para a construção da incineradora na maior ilha dos Açores esteve sob alçada da justiça devido a queixas por parte de um dos concorrentes, a empresa Termomeccanica, que foi excluída em detrimento do consórcio luso-alemão formado pela CME e Steinmüller Babcock Environment.Em outubro passado, o Tribunal Administrativo e Fiscal de Ponta Delgada decidiu anular a adjudicação da construção da incineradora ao consórcio CME/Steinmuller Babcok Environment, por parte da Musami - Operações Municipais do Ambiente, EIM SA.Na altura, o movimento "Salvar a Ilha", composto por várias associações ambientalistas, congratulou-se com a decisão judicial de anular a adjudicação, pedindo que o projeto fosse "blindado".Em dezembro, os seis municípios de São Miguel decidiram avançar com um novo concurso para a construção de uma incineradora na ilha açoriana, com menos 30 por cento da capacidade inicialmente prevista, projeto orçado em 4,3 milhões de euros.O Bloco de Esquerda contestou a decisão, apresentando um projeto de resolução no parlamento açoriano para travar a iniciativa, que contou apenas com o voto favorável do deputado único do PPM, tendo sido chumbado.