Incineradora da Ilha de São Miguel aprovada por Bruxelas
7 de ago. de 2020, 08:34
— Lusa/AO Online
João Matos Fernandes
disse aos jornalistas que “todos os projetos com investimento superior a
50 milhões de euros carecem de aprovação diretamente pela União
Europeia”, tendo “anteontem chegado a notícia que a incineradora dos
Açores foi aprovada em Bruxelas”, havendo “todas as condições para poder
começar a ser feita”.O ministro do
Ambiente e Ação Climática foi hoje à lagoa das Furnas, no concelho da
Povoação, na ilha de São Miguel, presidir à assinatura de um protocolo
de colaboração técnica e financeira do Fundo Ambiental com a Secretaria
Regional da Energia, Ambiente e Turismo dos Açores, relativo ao
tratamento da água de lagoas eutrofizadas nos Açores.O
Tribunal Administrativo e Fiscal de Ponta Delgada recebeu uma ação
judicial movida por Paulo Estêvão, deputado único do PPM/Açores na
Assembleia Legislativa Regional, para travar o concurso para a
construção de uma incineradora em São Miguel, que conta com o apoio do
movimento Salvar a Ilha.Em comunicado
posterior, o movimento cívico Salvar a Ilha, que junta vários cidadãos e
as associações ambientalistas ARTAC, ZERO, Amigos dos Açores e Quercus –
Núcleo de São Miguel, associou-se à ação, que deu entrada no Tribunal
Administrativo e Fiscal de Ponta Delgada no início de julho, segundo
adiantou à Lusa fonte do movimento.“Trata-se
de uma ação administrativa urgente de contencioso pré-contratual, que
tem como objetivo contestar a decisão da AMISM [Associação de Municípios
da Ilha de São Miguel] e da MUSAMI [empresa intermunicipal de gestão de
resíduos de São Miguel] de avançar com a construção de uma incineradora
da ilha de São Miguel”, explica a nota, adiantando que o tribunal
“concedeu às entidades responsáveis um prazo de 20 dias para contestarem
a ação”.O processo defende que “a
declaração de impacte ambiental emitida em 2011 para o projeto da MUSAMI
está caducada” e que “o projeto não deverá avançar sem a realização de
uma nova avaliação de impacto ambiental”.Questionado
sobre o processo judicial, João Matos Fernandes disse que o ministério
que tutela “não é parte nem na aprovação dos fundos, nem na decisão da
construção”.O ministro, questionado ainda
sobre se o projeto se integra na política ambiental nacional, referiu
que a “autonomia regional tem total liberdade nas decisões que toma
sobre as apostas ambientais nos Açores”.Sobre
a assinatura do protocolo de colaboração técnica e financeira do Fundo
Ambiental com a Secretaria Regional da Energia, Ambiente e Turismo dos
Açores, relativo ao tratamento da água de lagoas eutrofizadas, o titular
da pasta do Ambiente disse que a estação de tratamento de águas que vai
tratar a lagoa das Furnas, orçada em cerca de 1,5 milhões de euros, e
que beneficia de 800 mil euros do Fundo Ambiental, “estará a funcionar
ao longo do próximo ano”.A estação vai
processar 300 metros cúbicos de água, por dia, tratando-se de um projeto
de “grande capacidade” que contemplar uma solução técnica que “não há
no mercado e que foi preciso conceber especificamente” por uma equipa do
Instituto Superior Técnico, na sequência de uma candidatura do Governo
dos Açores.