Incêndio no HDES abriu "janela de oportunidade" para modernizar urgência
4 de jun. de 2024, 19:40
— Lusa/AO Online
Mónica
Seidi, que foi ouvida na comissão parlamentar de Assuntos Sociais
da Assembleia Legislativa, a pedido do grupo parlamentar do PS/Açores,
reconheceu que antes do incêndio de 04 de maio, que deixou a unidade
inoperacional, o “serviço de urgência já funcionava acima do limite das
suas capacidades e completamente desajustado da realidade”.A
secretária regional da Saúde e Assuntos Sociais relembrou, a propósito,
em 2016 houve um projeto para reformular o serviço de urgência, orçado
em 18 milhões de euros, que “não avançou para a fase do projeto de
execução”, sendo que o atual Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) já tinha
sinalizado a obra como prioritária ainda antes do fogo.“Seria
uma irresponsabilidade voltar a um serviço de urgência que já não serve
a realidade de São Miguel”, declarou Mónica Seidi, considerando que se
está perante uma “janela de oportunidade” para modernizar o serviço de
urgência do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES).Relativamente
às causas do incêndio, Mónica Seidi referiu que o conselho de
administração do HDES solicitou um relatório de peritagem a uma
“entidade externa e isenta”, a Ordem dos Engenheiros na região.Quanto
às investigações em curso, a governante adiantou que a Polícia
Judiciária “está a fazer o seu trabalho, que neste caso é investigar”,
sendo que o conselho de administração “já foi ouvido”.Além
disso, continuou, o corpo de bombeiros já remeteu o seu relatório ao
HDES e “não foram detetadas quaisquer irregularidades”.Por
outro lado, estão a decorrer inspeções aos 139 quadros elétricos do
hospital, visando apurar o estado geral dos equipamentos, e na
segunda-feira foi restabelecida a energia regular do HDES, numa solução
transitória, indo-se agora promover ensaios às áreas de atividade
assistencial.Mónica Seidi estimou ainda
que as redes dos gases medicinais, que estão a ser testadas, devem
“dentro de duas semanas ser retomadas com normalidade”.Os
serviços não clínicos “já estão a funcionar no hospital”, a par dos
laboratórios, da hemodiálise e das consultas de oncologia e externas,
acrescentou.Ainda segundo a responsável,
na zona nascente do HDES está a ser montada uma enfermaria com
capacidade para 180 camas, estando “a ser pensada” a estrutura modular
para instalar a urgência hospital, para se “perceber a sua verdadeira
mais-valia”.“Se pudesse ser para ontem era
ontem, mas há alguma burocracia associada”, disse, reiterando que terão
de ser realizados trabalhos no heliporto, onde ficará instalada a
estrutura modular.A secretária regional
adiantou também que a estrutura modular onde deverá ficar instalada a
urgência tem “25 anos de média de vida útil”, podendo ser deslocada para
outras ilhas e funcionar de futuro como uma estrutura de retaguarda da
região em caso de necessidade.De acordo
com a governante, está igualmente a trabalhar-se num plano de retoma de
consultas e cirurgias, no âmbito de uma reprogramação de toda a
atividade afetada. Esse trabalho,
salientou, está a ser feito pelo hospital, em parceria com os
profissionais de saúde, sendo que como a capacidade de salas de
cirurgias é muito inferior ao que existia antes do fogo, poderá vir a
pedir-se aos funcionários para trabalharem ao fim de semana.