Imprópria regressa aos Açores utilizando o cinema para promover a igualdade de género

4 de out. de 2022, 17:43 — Lusa/AO Online

A quarta edição do festival de 'curtas', que também conta com várias iniciativas de intervenção na comunidade, vai arrancar em São Miguel, onde decorre de 21 a 27 de outubro, seguindo depois para Santa Maria, a 17 de novembro, terminando na Terceira, onde se realiza a 09 e 10 de dezembro.“A Imprópria é uma mostra de cinema de igualdade de género, que através da cultura pretende fazer intervenção social”, explicou Natália Bautista, da organização, durante a apresentação do evento que decorreu no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada.A Imprópria vai apresentar 18 curtas-metragens, como a “I Love Hooligans” (2013), do holandês Jan-Dirk Bouw, “Diagrama do útero” (2014), da brasileira Bianca Rego, “Chelsea Manning Had Secrets” (2022), de Adam Butcher, ou ainda “Menina” (2016), do português Simão Cayatte.“Eis um conjunto ambicioso, arrojado e diversificado de propostas cinematográficas, provenientes de várias latitudes, integralmente composto por produções dos últimos 10 anos, algumas em absoluta estreia nacional”, afirmou o curador da edição deste ano, Samuel Andrade, através de uma mensagem lida durante a apresentação por membros da organização.O curador realçou que a programação do festival deste ano “convida à reflexão sobre a formação de consciência de género”.“A temática da igualdade de género revela-se assim difundida nas suas diferentes manifestações, abordando maioritariamente preconceitos socioeconómicos, históricos, culturais, subjacentes às noções heteronormativas - ou não - de género”, assinalou.Além dos filmes, a Imprópria integra um programa de intervenção social e comunitária, que vai levar o “debate sobre a igualdade de género” a várias escolas de São Miguel e Terceira.O festival vai organizar ainda um conjunto de conversas e formações, como o “workshop sobre masculinidades” com Roy Galán ou a sessão sobre direitos sexuais e reprodutivos com a sexóloga Fernanda Mendes, que vão decorrer na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada.Na apresentação, a vereadora da Câmara de Ponta Delgada Cristina Canto Tavares elogiou o contributo da mostra para a criação de uma “cidade inclusiva”, onde o “masculino e o feminino estão em igual representação”.“A Imprópria não podia ser mais própria. É tempo de mover consciências através da arte”, defendeu.A diretora regional para a Promoção da Igualdade e Inclusão Social, Sandra Garcia, considerou a cultura como “essencial para abrir mentes” e “quebrar barreiras”.“Precisámos muito dos artistas. Precisámos muito dos intelectuais. Precisámos muito das figuras públicas. Porque os jovens procuram nestas figuras, de certa maneira, o caminho. São líderes de opinião. Portanto, iniciativas como estas fazem de facto a diferença”, declarou.A edição de 2022 da Imprópria vai homenagear a ativista e escritora Judite Canha Fernandes e a médica Fernanda Mendes, que esteve ligada à psiquiatria e foi deputada na Assembleia Regional dos Açores, eleita pelo PS.