Ilha Terceira pode aumentar renováveis para 50% com novo sistema de armazenamento de energia
14 de mar. de 2023, 11:44
— Lusa/AO Online
“Mais
de 1.000 toneladas de fuelóleo que deixam de ser gastos, por ano, na
ilha Terceira, na economia da importação a que estamos sujeitos quanto a
este recurso, menos de cerca de 3.600 toneladas de emissões de CO2 por
ano. Eis uma vantagem para, em futura elaboração de mercados voluntários
de créditos de carbono, apontarmos relativamente à sustentabilidade
ambiental das nossas ilhas”, afirmou o presidente do Governo Regional
dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), José Manuel Bolieiro, na inauguração da
infraestrutura, em Angra do Heroísmo.Orçado
em cerca de 14 milhões de euros, o novo sistema de armazenamento de
energias por baterias foi financiado em 85% por fundos comunitários.Tem
uma potência instalada de 15 megawatts, distribuída por seis
inversores, e uma capacidade de armazenamento de 10,5 megawatts/hora, no
fim de vida útil.O novo sistema inclui um
‘software’ de gestão de micro redes, instalado pela primeira vez em
Portugal, que foi concebido pela EDA e desenhado por um consórcio
formado pela Siemens e pela Fluence, com a colaboração de outras
entidades.“Com sentido estratégico,
ousadia e bons parceiros tecnológicos para ciência aplicada, os Açores
podem ser na transição energética um verdadeiro laboratório para ensaios
aplicáveis. Podemos com ousadia ser pioneiros”, salientou José Manuel
Bolieiro.O presidente da EDA, Nuno
Pimentel, disse que o ‘software’ “monitoriza em tempo real e controla
todas as fontes de produção e a infraestrutura do sistema elétrico da
ilha”, permitindo “maximizar a integração de energias renováveis na
rede”.Com as atuais fontes de produção,
será possível atingir quotas de 38,1 a 44,6% de energias renováveis, na
ilha, mas a previsão da EDA é que essa quota possa aumentar para “mais
de 50%” com investimentos futuros.“Para
nos libertarmos de grupos geradores térmicos, não basta investir em mais
capacidade de produção de energias renováveis, pois estas têm, pela sua
natureza, algumas características difíceis de dominar tecnicamente em
sistemas elétricos de pequena dimensão e isolados, como são os nossos”,
frisou Nuno Pimentel.As energias eólica e
fotovoltaica podem ter “variações bruscas de produção quase
instantâneas” e a geotermia “não tem capacidade de resposta para
compensar” essas variações, explicou.O
transporte de eletricidade por cabos submarinos nos Açores não é,
segundo o presidente da EDA, uma “solução técnica e economicamente
viável”.O sistema de armazenamento
instalado na ilha Terceira permite “dispensar o funcionamento de um
grupo termoelétrico de média dimensão durante as horas de maior consumo”
e libertar espaço no diagrama de carga “para integrar mais energia de
origem renovável”.Por outro lado, “a
capacidade de armazenamento de energia cobre o tempo de religação de um
grupo gerador térmico, caso se mostre necessário, para assegurar o
consumo e a estabilidade da rede”.Segundo
Nuno Pimentel, “foram analisados cenários de capacidades superiores de
armazenamento, mas os custos de investimento iriam aumentar
exponencialmente, não se justificando”.Estão
a ser estudadas novas tecnologias que permitirão o armazenamento por
meios químicos, de hidrogénio ou de combustíveis limpos, mas “ainda não
estão disponíveis comercialmente ou têm custos muito elevados”,
acrescentou.O sistema de armazenamento
inaugurado na ilha Terceira é o segundo dos Açores, depois do instalado
na ilha Graciosa, mas está já em curso a instalação de um sistema
semelhante na ilha de São Miguel, com verbas do programa operacional
Açores 2020, que deverá ficar concluído até final de 2023.Nas
restantes seis ilhas, serão também instalados sistemas de
armazenamento, com recurso a verbas do Plano de Recuperação e
Resiliência (PRR), até 2025.