Ilha do Corvo desliga a iluminação pública para salvar cagarros
23 de out. de 2022, 10:14
— Lusa /AO Online
Numa iniciativa da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e da Câmara Municipal do Corvo, que vai na sua quarta edição, “no período mais crítico para esta espécie, quando os juvenis abandonam o ninho, o Corvo desliga as luzes a partir das 21:00 para minimizar o impacto da poluição luminosa”.O Corvo vai desligar ainda a iluminação pública a partir da 01:00 de 31 de outubro a 10 de novembro.Segundo a nota da SPEA enviada à Lusa, estes juvenis dos cagarros, que “são voadores inexperientes, ao abandonarem o ninho têm tendência a ser atraídos pela luz, desorientando-se e acabando por cair por terra, podendo ser predadas por cães e gatos, perecer por colisão e desidratação”.Aquele organismo revela que este ano, o apagão geral da iluminação pública será medido por um Laboratório de Poluição Luminosa, através da rede de fotómetros instalados no Corvo, que mede o brilho do céu e noites naturais.“Isto permitirá aumentar o conhecimento sobre o efeito da poluição luminosa nos juvenis de cagarro. Serão marcados quatro juvenis de cagarro com marcas GSM GPS, para avaliar o seu comportamento na presença de iluminação pública e durante o apagão”, de acordo com a SPEA.Segundo a SPEA, 25% dos juvenis marcados com anilhas metálicas, são recapturados durante a Campanha SOS Cagarro, após desorientação pelas luzes do Corvo.O apagão é realizado no âmbito do projeto Interreg EElabs, que visa “avaliar os efeitos da poluição luminosa na população de aves marinhas e nas noites naturais, através da recolha de informação do primeiro e único Laboratório de Poluição Luminosa dos Açores, instalado na ilha do Corvo, e em sinergia com o trabalho da investigadora Elizabeth Atchoi [centro de investigação Okeanos], a estudar a poluição luminosa e as aves marinhas nos Açores”.A iniciativa integra ainda a campanha de conservação e sensibilização ambiental na região, a Campanha SOS Cagarro, coordenada pela Direção Regional das Políticas Marítimas, bem como o Projeto LIFE IP Azores Natura e LIFE Natura@night.Entretanto, a bióloga marinha Miriam Cuesta, distinguida com uma bolsa 'Early Career Grant' da National Geographic Society, está a estudar o comportamento noturno das crias de cagarros na ilha do Faial.A investigadora espanhola de 32 anos, residente na Horta, ilha do Faial, desde 2016, "irá filmar com câmaras de vídeo infravermelho as excursões das crias" de cagarros "durante os meses anteriores à saída definitiva dos ninhos".O projeto iniciou-se a 15 de maio e o trabalho de campo decorrerá até novembro, quando as crias estão nos ninhos.A bióloga marinha refere que "este conhecimento será importante para o planeamento de futuras campanhas de conservação, aumentando a consciência pública sobre as aves marinhas e contribuindo com novos dados para a comunidade científica.”