IL quer saber se também há obras suspeitas nos Açores
30 de jan. de 2024, 20:15
— Lusa
Nuno Barata,
coordenador da IL nos Açores e candidato às eleições legislativas
regionais de domingo, disse à agência Lusa que a sua atitude “não [é]
propriamente uma suspeita, é uma preocupação”.“Nós,
quando ouvimos a notícia sobre aquilo que se passou na Madeira, o
comunicado do Ministério Público e da Polícia Judiciária remete para
investigações que estavam a ser estendidas aos Açores”, disse.A
Polícia Judiciária (PJ) realizou na quarta-feira cerca de 130 buscas
domiciliárias e não domiciliárias na Madeira, nos Açores e em várias
zonas do continente, no âmbito das quais o presidente do Governo
Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, foi constituído arguido e foram
detidos o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, o líder do
grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o principal acionista do
grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia.Em
causa estão suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação
económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de
vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência, de acordo com a PJ.Segundo
Nuno Barata, numa “pequena investigação” que a IL fez encontrou
“adjudicação massiva de obras, nos últimos três anos, à [empresa]
AFAVIAS, na ordem dos 60 milhões de euros, e licenciamentos da Câmara
Municipal de Ponta Delgada, quer no tempo do doutor José Manuel Bolieiro
[foi líder da autarquia entre 2012-2020], quer no tempo já do doutor
Pedro Nascimento Cabral [atual presidente], à [firma] Socicorreia”,
situações que deixaram os liberais “desconfortáveis”.“E
é nesse sentido que entendemos que essas situações devem ser
classificadas a tempo de os açorianos poderem decidir em consciência o
seu voto no próximo dia 04 de fevereiro”, afirmou.Para o candidato e líder do IL/Açores, o Ministério Público e a Polícia Judiciária devem “explicações aos açorianos”.“Da
mesma forma que o fizeram na Madeira, deviam tê-lo feito aqui nos
Açores. Se há ou não suspeitas, se há ou não investigação em curso e
também os intervenientes devem esclarecer o povo açoriano dessa
situação”, disse.Questionado pelos
jornalistas em Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel, durante uma
ação de campanha, o líder da coligação PSD/CDS-PP/PPM e candidato à
reeleição como presidente do Governo Regional, que lidera desde 2020,
José Manuel Bolieiro, repudiou as declarações e “insinuações” de Nuno
Barata, “desmentindo e lamentando este tipo de política que, na verdade,
não faz falta à democracia, porque vive de insinuações”.“E
também, já agora, quero dizer [que] o mesmo lamento em relação ao
doutor Vasco Cordeiro, porque me surpreende, face ao seu caráter,
relativamente à insinuação de que eu teria um acordo secreto com o
Chega”, acrescentou, salientando que “a política não se faz assim, não
dignifica”.“E eu não vou replicar a não
ser com esta expressão. A surpresa, o repúdio, e não me envolvo nessa
dialética. E, portanto, fico com o repúdio. E, cada um dá o que tem, na
dimensão do que é”, referiu.Questionado sobre o volume de contratos com a empresa AFAVIAS durante o seu mandato, José Manuel Bolieiro disse não ter ideia.“Não
faço a menor ideia. Eu penso até que foram mais contratos que vinham da
anterior governação, na sua larga maioria, mas não faço a menor ideia.
E, por outro lado, o que está em causa é a legalidade e a transparência
dos procedimentos e não a insinuação”, argumentou, insistindo que este
tipo de ambiente não dignifica a democracia. Mas, acrescentou, “fica com quem a faz e as pessoas sabem bem a origem deste tipo de atividade e de debate político”.