IL envia queixa à Provedora de Justiça e acusa Estado de “falhar aos mais frágeis”
20 de jul. de 2022, 08:41
— Lusa/AO Online
“Há manifestamente um corte pelo
menos em duas prestações sociais: uma é o subsídio de educação especial,
e o que se constata é que os números dos pagamentos efetuados durante
os primeiros meses deste ano estão muito abaixo daquilo que era
esperado, e outra é a bonificação por deficiência, que também apresenta
números de pagamentos abaixo daquilo que são os períodos homólogos de
anos anteriores”, explicou à agência Lusa o deputado da Iniciativa
Liberal (IL) Rui Rocha. Segundo o liberal,
este é o momento de “envolver a Provedoria de Justiça” neste problema,
recordando que, numa situação semelhante durante a última intervenção da
'troika' em Portugal, a Provedoria “também teve intervenção e apelou a
uma urgente revisão de processos e que eles fossem tratados em tempo”.“Estamos
perante uma insensibilidade do Estado, que está a falhar aos mais
frágeis, e todos os meios são necessários para percebermos o que se
passa e sobretudo se tomarem medidas no sentido de rever a situação”,
referiu.Assim, a IL avançou com uma queixa
à Provedora de Justiça, Maria Lúcia Amaral, esperando que seja possível
“um esclarecimento da situação e sobretudo que quem precisa deste
acompanhamento não fique privado dele”, recordando o deputado que “tem
havido já manifestações de pais, de educadores, preocupados com esta
situação”.“Temos notícia de muitos
indeferimentos, de reclamações de indeferimentos que depois não têm
resposta. Há processos que demoram anos a ser deferidos ou pelo menos a
explicar-se a razão de um indeferimento, alterações de procedimentos,
incongruência de decisões entre os diferentes apoios e, portanto, há
aqui uma situação que está a afetar os mais frágeis”, descreveu.Rui
Rocha referiu que o partido chamou ao parlamento a ministra do Trabalho
e da Segurança Social, Ana Mendes Godinho, – uma audição agendada para
14 de setembro – e também a presidente do Instituto da Segurança Social
(ISS), Catarina Marcelino, cuja audição já decorreu no início deste mês.“A
presidente do ISS reconheceu a existência de alguns problemas e, no
caso do subsídio de educação especial revelou que haveria cerca de 17
mil pedidos já analisados, mas que estavam ainda por analisar 15 mil
pedidos; ora praticamente metade do total de pedidos apresentados para o
subsídio de educação especial”, afirmou.O
deputado da IL disse que, da ministra da tutela, “não se tem ouvido
nenhum tipo de comentário, nem no parlamento nem fora do parlamento”,
considerando que a audição marcada apenas para o meio de setembro “é um
tempo demasiado longo numa situação tão sensível”.“Entendemos
que este é também o meio de tentar que alguma coisa se faça para
responder a estas famílias e a estas crianças”, disse, a propósito do
pedido de intervenção feito à Provedora de Justiça.Na
audição do início do mês, Catarina Marcelino negou que haja menos
crianças apoiadas com o subsídio de educação especial, garantindo que
houve um aumento de 20% nos processos pagos em comparação com o ano
passado.Ao ser ouvida na Comissão de
Segurança Social e Inclusão, na Assembleia da República, a presidente do
ISS afirmou haver “um equívoco” em relação a notícias sobre a
atribuição do subsídio de educação especial, uma prestação paga para
assegurar a compensação de encargos relativos a apoio a crianças e
jovens com deficiência, garantindo que “não houve cortes”.Em
meados de junho, vários órgãos de comunicação social noticiaram que um
em cada quatro subsídios de educação especial tinha sido cortado entre
janeiro e abril e que as famílias estariam a ser confrontadas com cortes
indiscriminados.