IL alerta para “situação preocupante”, com Governo que “prefere fazer remendos”
Estado Nação
18 de jul. de 2022, 09:22
— Lusa/AO Online
“O
estado da nação, em Portugal, com o grau de estatismo que temos tido,
confunde-se com o estado do Estado (…) e, quando se olha para o estado
do Estado, eu acho que tem de se confessar que ele é preocupante”,
afirmou João Cotrim de Figueiredo em declarações à agência Lusa, no
âmbito do debate sobre o Estado da Nação, agendado para quarta-feira na
Assembleia da República. Para Cotrim de
Figueiredo, “há demasiado tempo” que o Governo “não antecipa os
problemas, não planeia a forma de resolver os problemas e acaba por não
resolver os problemas”: “Um Governo que não antecipa, não planeia a não
resolve, é um Governo que põe o Estado numa situação preocupante”,
sustentou. O líder da Iniciativa Liberal
sublinhou que, nos serviços públicos – e, particularmente, em áreas como
a saúde, a educação, os transportes ou a resposta aos incêndios –, se
assiste “a uma degradação exatamente porque não se antecipa, não se
planeia, não se resolve”. Cotrim de
Figueiredo deixou ainda críticas à execução do Plano de Recuperação e
Resiliência (PRR), alertando para situações como a “do programa de
recapitalização estratégica” – “com mais de metade dos fundos a irem
para uma única empresa com relações à comunicação social” – ou das
Agendas Mobilizadoras, compostas por “centenas de milhões de euros”, mas
“cuja verdadeira utilidade estratégica para o país não se conhece bem”.“Portanto,
temos este Governo que (…) está a criar um Estado que é, basicamente, o
oposto do Estado que a Iniciativa Liberal gostaria de ver: nós
defendemos um Estado mais pequeno, mas muito mais forte, e o PS parece
preferir um Estado gordo e incapaz de resolver os problemas”, sublinhou.Considerando
assim que a situação atual é típica “de um PS que há muito tempo
desistiu de fazer reformas e prefere fazer remendos”, Cotrim de
Figueiredo afirmou que, no debate de quarta-feira, o seu partido irá
“tornar claro que Portugal não pode viver mais tempo sem reformas de
fundo”. “Eu sei que o senhor
primeiro-ministro acha que a expressão ‘reformas estruturais’ causa
arrepios. A nós não: sem reforma estruturais, sem reformas de fundo,
estaremos todos os anos a fazer estes remendos nas várias situações
importantes. (…) Não podemos continuar a viver assim”, referiu.Fazendo
um balanço dos primeiros 100 dias de Governo – que se assinalaram em 08
de julho – Cotrim de Figueiredo realçou que o seu partido não tem
“sentido de todo” a “proclamada vontade de dialogar” do Partido
Socialista. “Acho que, passado 100 dias,
já se pode concluir isso. Enquanto parlamentar, inclusivamente, posso
confirmar que a atitude do PS perante a nomeação de comissões, ou a
instituição de subcomissões, ou a convocação de comissões de inquérito,
ou audições de ministros, tem sido bastante mais obstaculizante do que
foi na legislatura passada”, indicou. A
poucos dias do encerramento do parlamento para férias, João Cotrim de
Figueiredo disse que a prioridade da Iniciativa Liberal quando forem
retomados os trabalhos em setembro é continuar a “mostrar que há
alternativas para solução dos problemas”. “Vamos
pegar nestes problemas (…) de degradação dos serviços públicos e de
capacidade de aproveitar convenientemente aquilo que pode ser a última
grande oportunidade de Portugal de se reformar estruturalmente – que são
os fundos europeus do PRR – (…) e apresentar alternativas à forma como
se podem fazer as coisas”, indicou.