IL/Açores diz que não defende privatização de institutos de ordenamento agrário
24 de ago. de 2022, 08:52
— Lusa/AO Online
“Não há aqui qualquer tentação de criar de uma
empresa de sociedade anónima para a privatização desses serviços, bem
pelo contrário”, afirmou, em declarações aos jornalistas, o deputado
único da IL na Assembleia Legislativa dos Açores, Nuno Barata, à margem
de uma visita ao matadouro da ilha Terceira.“Nós
somos liberais, somos defensores da iniciativa privada, mas há uma
coisa que para nós é muito clara e até sagrada: bens de primeira
necessidade em regime de monopólio têm de ser públicos, não podem estar à
merecer de qualquer pirata que entre no mercado. Não há que agitar esse
fantasma”, acrescentou.Em julho, o
deputado liberal apresentou na Assembleia Legislativa dos Açores uma
proposta que previa a criação da AGRIAZORES – Sociedade Regional de
Ordenamento do Território Rural e Desenvolvimento dos Mercados
Agrícolas, uma sociedade anónima de capitais públicos que substituiria o
Instituto Regional de Ordenamento Agrário (IROA) e o Instituto de
Alimentação e Mercados Agrícolas (IAMA).Na
altura, Nuno Barata salientou que a proposta, que baixou à
comissão, visava “concretizar o que subscreveu no âmbito do acordo de
incidência parlamentar” com o PSD, que formou governo nos Açores em
coligação com CDS-PP e PPM, em novembro de 2020.“No
Programa do XIII Governo Regional foram plasmados pressupostos
resultantes do acordo de incidência parlamentar, realçando-se uma
profunda reforma do Setor Público Empresarial Regional. Porém, passados
quase dois anos, a coligação governativa parece não ter intenção de
reformar tanto quanto a IL entende ser necessário, apesar da criação,
entretanto, de um novo instituto público e da proposta, já entregue
nesta casa, de criação de outro”, afirmou, em plenário.O
deputado visitou hoje o matadouro da ilha Terceira, gerido pelo IAMA,
para assegurar aos trabalhadores que não pretende que os serviços
prestados pelos dois institutos sejam privatizados, ao contrário do que
disse ser indicado por outros partidos.“Nada
de pessoal nos move contra as pessoas que estão nos cargos atualmente,
quer no IAMA, quer no IROA, nada nos move contra os trabalhadores do
IAMA e do IROA, aquilo que nos move é única e simplesmente reestruturar
um setor, dando competências a uma nova empresa, extinguindo as outras
duas entidades, para melhorar toda a sua operação e potenciar aquilo que
já faz bem feito”, afirmou.Nuno Barata
disse que os matadouros geridos pelo IAMA são um exemplo de trabalho
“bem feito”, mas defendeu que os serviços prestados pelo instituto podem
ser potenciados se for transformado em sociedade anónima.Para
além de “reduzir enormemente o custo com as administrações dessas
instituições”, a nova sociedade vai permitir, segundo o deputado
liberal, aceder a fundos vedados atualmente ao IROA e ao IAMA.“Por
exemplo, a promoção dos produtos agrícolas dos Açores em mercados
internacionais e em feiras internacionais. Se for um instituto público
não se pode candidatar, mas uma sociedade anónima pode-se candidatar a
fundos comunitários para a promoção desses produtos”, justificou.“Não
basta chegar à televisão ou ao plenário, como o senhor secretário [da
Agricultura] gosta muito de fazer, e dizer que é preciso diversificar,
que vamos apostar no agrorrural e em novas culturas, e depois a região
não fazer o investimento que é preciso para estes produtores conseguirem
colocar os seus produtos no mercado”, acrescentou.O
PSD, o CDS-PP e o PPM, que formaram coligação em novembro de 2020 nos
Açores, têm 26 deputados de um total de 57 na Assembleia Legislativa dos
Açores, estando dependentes de acordos de incidência parlamentar com o
IL, o Chega e um deputado independente (ex-Chega) para terem maioria no
parlamento.