IL/Açores considera Orçamento Regional “boa base” para diálogo mas não garante voto a favor
2 de nov. de 2021, 18:16
— Lusa/AO Online
“O
documento hoje entregue [pelo Governo dos Açores, de coligação
PSD/CDS-PP/PPM, na Assembleia Legislativa Regional] é bastante diferente
da anteproposta, o que revela, desde logo, que valeu a pena fincar o pé
para que alguma coisa fosse feita de forma diferente. Se não existisse a
IL/Açores, provavelmente os Açores iam endividar-se em mais 120 milhões
de euros. Isso já é bom, mas não é o suficiente. É, no entanto, uma boa
base de partida para conversarmos”, declarou Nuno Barata, também
deputado da IL, à Lusa e à RTP/Açores.Referindo-se
ao incumprimento de alguns pontos do acordo de incidência parlamentar
assinado com o PSD, Nuno Barata alertou que a IL “não é um prolongamento
do grupo parlamentar do PSD”, e “não se pode defraudar os eleitores”,
nomeadamente “os que votaram na IL e que acreditaram nela”, pelo que
vai ponderar se vai abster-se ou votar contra o Plano e Orçamento de
2022.Nuno Barata considerou que a proposta
de Plano e Orçamento corresponde a “um passo importante” relativamente à
anteproposta e salvaguardou que “se o Governo mantivesse o nível de
endividamento que estava previsto na anteproposta, obviamente a IL nem
sequer se sentava mais com o executivo à mesa para tratar de assunto
algum”.A 26 de outubro, Nuno Barata, cujo
partido detém um acordo de incidência parlamentar com o PSD, anunciou
que votaria contra o atual Plano e Orçamento para 2022 se não fosse
garantido que a SATA Internacional não coloca em causa a viabilidade
financeira da SATA Air Azores, e se não se reduzisse “o plano e o nível
de endividamento previsto”, para cerca de "metade dos cerca de 300
milhões de euros” contemplados na anteproposta.Hoje,
o Governo dos Açores revelou que o endividamento público dos Açores
será "limitado" a 170 milhões de euros, o “estritamente necessário” para
garantir a execução de projetos comunitários e combater os efeitos da
pandemia da Covid-19.O também deputado da
IL ressalvou que "há situações que não estão plasmadas no Plano que
constam do acordo de incidência parlamentar e não estão a ser
cumpridos”. Segundo o dirigente da IL, dos
10 pontos que constam do acordo celebrado com o PSD “só foram cumpridos
dois, na íntegra, havendo alguns que ainda carecem de mais trabalho até
porque decorrem de um espaço temporal de quatro anos” para serem
executados.O dirigente considerou como o
“mais chocante o tamanho do Governo, a diminuição da administração
pública regional e a transparência”.“O que
é certo é que o Governo dos Açores é o maior de todos, a administração
pública regional está a crescer e, em termos de transparência, acho que o
episódio das Agendas Mobilizadoras [do Plano de Recuperação e
Resiliência] fala por si”, afirmou o líder açoriano da IL.Nuno
Barata considera ser necessário “reduzir pelo menos, mais alguns
montantes, na ordem dos 10 a 12 milhões de euros, no Plano, e transferir
estes valores para a vida dos cidadãos”.Ressalvou
que “existe, inclusive, um aumento na cobrança de impostos indiretos, o
que não é, de todo, razoável depois de se ter feito uma aposta na baixa
dos impostos no inicio da legislatura”. O
subsecretário regional da Presidência, que hoje entregou as propostas
de Plano e Orçamento do Governo Regional dos Açores na Assembleia
Legislativa Regional, destacou que a principal alteração entre a
anteproposta de Plano entregue aos parceiros sociais (Conselho Económico
e Social dos Açores e conselhos de ilha), e a versão final do documento
é uma redução superior a 42% no endividamento.De
acordo com Faria e Castro, a redução contemplada na proposta final
decorre, também, do atraso no processo de reestruturação da companhia
aérea SATA, para o qual estavam reservados, na anteproposta, cerca de
130 milhões de euros, um valor que será corrigido, mas que o governante
não soube esclarecer em que montante.O
Governo de coligação PSD-CDS-PPM possui um acordo de incidência
parlamentar com o Chega e a IL/Açores que lhe permite ter maioria no
parlamento dos Açores. PSD, CDS-PP e PPM,
que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo de governação. A
coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega
e o PSD um acordo de incidência parlamentar com a IL.Com o deputado do Chega, o Governo contabiliza agora 27 deputados, passando a 28 se contar com o apoio do deputado independente.Só
com o apoio de mais um deputado o atual executivo consegue os 29 votos
necessários para uma maioria absoluta no parlamento regional – a mesma
que levou o representante da República a indigitar o atual Governo
Regional.