III Jornadas de Teologia do Seminário de Angra refletiram sobre “Arte, expressão que transcende”
24 de mar. de 2019, 19:30
— Tatiana Ourique / AO Online
O Seminário Episcopal de Angra promoveu na passada semana a
terceira edição das Jornadas de Teologia. Depois dos temas “Cristianismo e
Cultura” e “Deus na Pena dos Homens” em 2017 e 2018, o tema escolhido para a terceira edição foi
“Arte, Expressão que transcende”. Tema este que para o reitor do Seminário
Episcopal de Angra, padre Hélder Miranda Alexandre, “surgiu logo no final das
jornadas anteriores. Foca-mo-nos mais na literatura e decidimos agora abrir à
arte no geral”.
As Jornadas arrancaram na quarta feira, 20 de março, pela
voz do anfitrião padre Hélder Alexandre que apresentou a revista científica “II
Fórum Teológico XXI”. Trata-se de uma publicação do Seminário Episcopal de
Angra com colaboração dos conferencistas das jornadas. Nesta segunda edição
participaram: bispo Dom João Lavrador, Osvaldo Silvestre, Onésimo Teotónio de
Almeida, Urbano Bettencourt, Rosa Goulart, o padre José Júlio Rocha, padre
António da Luz Silva, padre Dinis Silveira e Carmo Rodeia. A revista tem
coordenação editorial do Seminário Maior e, segundo o reitor, tem “empenho dos
alunos do seminário”.
No fim da saudação o reitor pediu uma ovação do auditório a
Monsenhor José Soares Nunes que falecera naquele dia e que vivia desde 1964 no
seminário. Os aplausos de reconhecimento partiram de todos os presentes.
Dom João Lavrador tomou a palavra na condição de Presidente
da Comissão Episcopal da Cultura e Bens Culturais numa exposição com o título
“Teologia e a Arte em Diálogo” onde defendeu que a Igreja e a arte precisam uma
da outra: “A Igreja precisa da arte para cumprir a sua
função evangelizadora, mas a arte também precisa da Igreja na medida em que
artista busca sempre o sentido mais profundo das coisas”.
Seguiu-se o padre Joaquim Félix, da Arquidiocese de Braga com uma reflexão com
o título: “ Via sapiencial das artes na liturgia: desafios contemporâneos” e
onde defendeu que a liturgia deve despir-se de “enfeites” e reconquistar a sua
autenticidade.
Ainda no primeiro dia das jornadas,
Marta Bretão, técnica de conservação e restauro, apresentou a
mostra de arte sacra patente no local das conferências durante as jornadas.
No dia seguinte, 21 de março, as conferências
foram abertas por mais um professor da casa. O padre Cipriano Pacheco,
professor de Filosofia, apresentou “A Estética e a Mística em São Tomás de
Aquino”. Na conferência o sacerdote expôs o lugar que o santo sempre pretendeu
dar à via da Beleza – ou do belo – na aproximação do Homem a Deus.
Ainda no segundo dia das jornadas teve a palavra
o padre Alexandre Palma, professor de Teologia na Universidade Católica que
defende que “Precisamos de aprender a ver, a ouvir, a sentir e a pensar” pois
“se o homem é capaz de receber a Deus também será capaz de receber a Beleza”.
No último dia das III Jornadas de Teologia (e com
mais um auditório repleto), o seminário assistiu às conferências sobre património
cultural da igreja e a música sacra como duas expressões que ajudam na relação
com o Divino, por Sandra Costa Saldanha e Rui Vieira Nery.
Posteriormente o Bispo Dom João tomou a palavra
para garantir que “O Seminário é uma escola superior de Teologia” e deixou um
desafio à organização: “Se amanhã houver outras zonas da nossa diocese que
quiserem saborear o que aqui se faz, quem sabe poderíamos no futuro transmitir
estas jornadas para outras ilhas, utilizando as novas tecnologias” afirmou,
reconhecendo que para isso serão necessários investimentos.
Já o reitor do Seminário agradeceu o contributo
cada vez maior de várias entidades e em especial a todos os que encheram o
auditório por três serões consecutivos, garantindo que mais uma vez as jornadas
“superaram as expectativas”.
O encontro terminou com vários momentos musicais
organizados pela Academia de São Tomás de Aquino com diversos convidados.