Igualdade salarial entre homens e mulheres evolui muito lentamente

4 de out. de 2017, 17:00 — Lusa/AO online

Uma trabalhadora a tempo inteiro ganha em média menos 14,3% por mês do que um trabalhador, uma diferença que quase não registou alterações nos últimos anos na zona da OCDE, indicou a organização, num relatório intitulado "Atingir a igualdade mulheres-homens: um combate difícil", elaborado com base em números de 2015. A Índia (56%), a África do Sul (41%) e a Coreia do Sul (37%) são os três países onde a diferença é maior. No fim da lista, com uma diferença inferior a 4%, figuram a Costa Rica, o Luxemburgo e a Bélgica. Em 2010, no conjunto da OCDE a diferença salarial era de 14,6%. "Houve poucos progressos nos últimos cinco anos e as desigualdades persistem entre mulheres e homens em todos os domínios da vida social e económica", refere o estudo, que foi apresentado em Paris. Nos países da OCDE, as jovens estudam mais tempo do que os jovens, mas ainda em áreas menos lucrativas como ciências, tecnologias, engenharia e matemática. Os empregos ocupados por mulheres são "muitas vezes de menor qualidade", "garantem uma proteção social limitada" e são "sinónimo de precariedade", acrescenta o relatório. As mulheres também estão sub-representadas, por exemplo, em cargos de direção no setor público e político, ocupando em média um terço dos lugares nos parlamentos de países da OCDE. "Nenhum país do mundo conseguiu instaurar a paridade. Mesmo nos mais igualitários continuam a ser registadas lacunas inquietantes entre homens e mulheres. Estas desigualdades (...) constituem um obstáculo importante para um crescimento económico inclusivo", afirma a organização. As mulheres assumem ainda o essencial das tarefas domésticas e de cuidar dos filhos, estando Portugal entre os países da OCDE onde a maior parte desse trabalho "não remunerado" está a cargo de mulheres, a seguir à Coreia do Sul, Japão e México e antes da Turquia e Itália. "O envolvimento dos pais na tarefa de cuidar dos filhos é essencial para que as mulheres tenham a possibilidade de participar plenamente no mercado de trabalho, na sociedade e na economia", defende o relatório. Segundo a OCDE, mais de metade dos países da OCDE propõem uma licença de paternidade remunerada com uma duração mínima de vários dias e são cada vez mais os que reservam uma parte desta licença parental só para os pais, duas medidas consideradas "cruciais".