José
Ornelas assegurou, na abertura da Assembleia Plenária da CEP, em Fátima,
que o episcopado continua apostado “no caminho que a Igreja tem vindo a
percorrer para que os ambientes eclesiais sejam cada vez mais seguros
para as crianças, jovens e adultos vulneráveis, e para que os crimes
cometidos no passado possam ser reparados, na medida do possível, e não
voltem a acontecer”.Depois de recordar o
processo que levou à criação da Comissão Independente liderada pelo
pedopsiquiatra Pedro Strecht, que apresentou o seu relatório em 13 de
fevereiro, o bispo de Leiria-Fátima sublinhou que, “em atenção às
vítimas”, não se resignaram “a procedimentos do passado, nem a atitudes
de conivência e silenciamento, procurando encarar estes dramas, com
realismo e esperança”. “Nunca é demais
renovar o pedido de perdão e o sentimento de profunda gratidão para com
todos os que deram ‘voz ao silêncio’ e tiveram a coragem de denunciar
aquilo que nunca lhes deveria ter acontecido. Semelhante reconhecimento
dirige-se também aos membros da Comissão Independente, pelo contributo
decisivo que deram para o conhecimento e denúncia destas situações”,
afirmou.José Ornelas fez questão de
lembrar que “reconhecer, pedir perdão e agradecer só têm sentido na
medida em que são acompanhados de decisões e ações concretas para
transformar a realidade”.É neste contexto
que se inserem medidas já “tomadas pelas diferentes dioceses, medidas
cautelares provisórias de afastamento de funções de pessoas mencionadas”
no estudo da Comissão Independente, as quais “não significam qualquer
atribuição de culpa e têm de ser seguidas de ulterior processo de
investigação a fim de apurar a realidade e eventual responsabilidade dos
factos concretos”.“Para acolher e
acompanhar de perto as vítimas de abusos ocorridos em ambientes da
Igreja, encontra-se em fase de organização, em ordem à sua aprovação e
entrada em vigor, um Grupo de Acompanhamento, segundo as orientações
dadas pela Assembleia Extraordinária de 3 de março. Este Grupo deverá
ter a autonomia necessária para acolher e acompanhar as vítimas e para
assegurar o necessário apoio e a possível recuperação dos danos por
estas sofridos, dispondo de uma linha de atendimento e de condições para
o contacto e acompanhamento pessoal”, acrescentou o presidente da CEP,
confirmando que este novo órgão “estará também articulado com a Equipa
de Coordenação Nacional e as Comissões Diocesanas, de modo a garantir a
sua real operacionalidade, que implica necessariamente cada Diocese e a
Igreja em Portugal no seu conjunto”.Nos
trabalhos da Assembleia Plenária, que se prolongam até quinta-feira,
“será analisada e votada a constituição e o projeto deste Grupo, que
deverá estar a funcionar nas próximas semanas”, garantiu.José
Ornelas chamou ainda a atenção para a Jornada Nacional de Oração pelas
vítimas de abusos sexuais, de poder e de consciência na Igreja, no
âmbito da qual será celebrada missa na próxima quinta-feira, às 11:00,
na Basílica da Santíssima Trindade.As
eleições para os órgãos da CEP, incluindo o presidente, a preparação da
Jornada da Juventude e o centenário do Corpo Nacional de Escutas são
outros temas que estarão em cima da mesa de trabalho dos bispos nesta
semana em Fátima.