Idosos em Portugal menos deprimidos que gerações mais novas
8 de jul. de 2024, 16:51
— Lusa/AO Online
"Apesar
de o envelhecimento ser muitas vezes associado à tristeza, solidão,
insatisfação e a sintomas depressivos, também pelas perdas e
acontecimentos que ocorrem de forma mais frequente nesta fase da vida, a
maioria das “pessoas mais velhas não estão deprimidas”, adianta o
relatório “Envelhecimento em Saúde: Caracterização da saúde da população
idosa em Portugal”.O
documento refere que apesar da prevalência da depressão ser mais baixa
nos idosos comparativamente aos grupos etários mais novos “é a desordem
psiquiátrica mais comum na população idosa com documentado impacto ao
nível da qualidade de vida, constituindo um importante preditor da
mortalidade”.“Pelo impacto na qualidade de
vida e pelo facto de a apresentação dos sintomas que caracterizam estas
perturbações poderem surgir de forma diferencial neste subgrupo
populacional, a ansiedade e a depressão permanecem um aspeto relevante
em saúde pública”, salienta o relatório, que apresenta informação de
variadas fontes nacionais e europeias, de inquéritos de saúde e de
estudos nacionais até dezembro de 2021.
Os últimos dados disponíveis, de 2019, indicavam maior frequência da
presença de sintomas depressivos e de sintomas depressivos indicativos
de depressão major na população portuguesa com 65 e mais anos, em
comparação com a média da União Europeia.
Relativamente à demência, o estudo refere que “apresenta uma taxa de
mortalidade bastante baixa na população entre os 65 e os 74 anos”, mas
torna-se a sexta causa de morte no grupo dos 85 e mais anos. Ressalva, contudo, que em Portugal, não existe um estudo epidemiológico que retrate a situação deste problema.Um
estudo de revisão que focou países membros da UE onde tinham decorrido
estudos de prevalência, que não incluíram Portugal, apresentava uma
estimativa para a população de 65 e mais anos entre os 5,9% e os 9,4%.O
relatório refere que, de uma forma geral, alguns aspetos associados ao
envelhecimento em Portugal apresentavam-se de forma similar à média
europeia, ainda que a população idosa portuguesa apresentasse, em 2019,
níveis mais elevados de dificuldades na realização das atividades de
vida diária, o que tem “um impacto importante na participação e inclusão
desta população”. “As diferenças entre
Portugal e a União Europeia traduzem provavelmente diferenças ao nível
de condições de vida material, práticas em saúde e acesso a cuidados de
saúde, entre outros”, afirmam os autores do trabalho.Segundo
dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística, os idosos
representavam, em 2021, cerca de 23,4% da população residente.Desde
2000 que o número de idosos é superior ao de jovens (0-14 anos). Em
2011 por cada 100 jovens residentes em Portugal, existiam 127 pessoas
idosas, valor que aumentou para 167 em 2020.Mas
o envelhecimento não é igual por todo o país, refere o relatório,
indicando que, em 2020, as regiões do Alentejo e do Centro eram as mais
envelhecidas, enquanto Lisboa e Vale do Tejo, os Açores e a Madeira eram
as que apresentavam o índice de envelhecimento mais baixo.O
envelhecimento da população contribuiu também para a transformação da
estrutura do mercado de trabalho, tendo-se verificado, entre 2010 e
2020, um aumento da população empregada“O
aumento da esperança média de vida, a desertificação e a transformação
do papel da família nas sociedades modernas terão, certamente,
contribuído para explicar as mudanças observadas e as diferenças que se
verificam entre as regiões do país”, salienta. Foi
nas regiões de Lisboa (22%), Alentejo (22%) e Algarve (21%) que se
verificaram as mais elevadas percentagens de pessoas idosas vivendo sós,
ao contrário da região Norte e nos Açores, com 17% cada.