Identificadas características das células cancerígenas que podem ajudar médicos
28 de mar. de 2018, 09:13
— Lusa/AO online
Os
investigadores descobriram, segundo o estudo divulgado hoje na revista
científica Nature Communications, que na maioria dos subtipos agressivos
de cancro aumenta o número e o tamanho de umas estruturas minúsculas
que existem nas células chamadas centríolos.Num
comunicado divulgado pelo Instituto Gulbenkian de Ciência explica-se
que os centríolos são cerca de cem vezes mais pequenos do que um fio de
cabelo e que têm sido considerados o “cérebro da célula”, porque
desempenham “papéis cruciais na multiplicação, movimento e comunicação
entre células”.“Esses
são processos normalmente alterados no cancro e que permitem a
sobrevivência e multiplicação das células cancerígenas”, explica o
Instituto, acrescentando que o número e tamanho dos centríolos são
“altamente controlados” nas células normais. O que os investigadores
descobriram foi que nas células cancerígenas os centríolos são
frequentemente mais longos e em maior número do que nas células normais.“Mais
importante, a equipa observou que o excesso de centríolos é mais
prevalente em formas agressivas do cancro da mama, como o triplo
negativo, e do cólon. Descobriram também que os centríolos mais longos
são excessivamente ativos, o que perturba a divisão das células e pode
levar à formação de cancro”, diz-se no comunicado.Gaelle
Marteil, primeira autora do estudo e investigadora do laboratório de
Mónica Bettencourt Dias, disse, citada no comunicado: “Os nossos
resultados confirmam que uma desregulação no número e tamanho dos
centríolos dentro das células está associada a características malignas.
Esta descoberta pode ajudar a estabelecer as propriedades dos
centríolos como uma forma de classificar tumores de modo a determinar
prognósticos e prever o tratamento adequado”.O
estudo envolveu uma equipa de investigação internacional do Instituto
Gulbenkian de Ciência em colaboração com investigadores do I3S-
Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, IPATIMUP – Instituto de
Patologia e Imunologia Molecular, Instituto de Medicina Molecular,
Instituto Português de Oncologia, e Dana-Faber Cancer Institute dos
Estados Unidos). Mónica
Bettencourt Dias, bióloga, é a diretora do Instituto Gulbenkian de
Ciência. Substituiu este ano o britânico Jonathan Howard.