Hungria pede a Estados da UE para serem tolerantes e darem tempo para reformas
20 de set. de 2022, 11:27
— Lusa/AO Online
Judit Varga pediu aos
Estados-membros da EU para “que sejam tolerantes, positivos,
construtivos e voltados para o futuro” porque, em última análise, o
principal objetivo da Comissão Europeia “é a prevenção, não a sanção”.“Não há perigo”, garantiu.A
proposta da Comissão foi apresentada no domingo pelo comissário para o
Orçamento e Administração, Johannes Hahn, que explicou estar em causa
uma “suspensão de 65 por cento dos compromissos para três programas
operacionais no âmbito da política de coesão, num valor estimado em 7,5
mil milhões de euros, o que é cerca de um terço do envelope da política
de coesão para a Hungria”.Segundo o
responsável, Budapeste está também impedida de assumir compromissos
jurídicos com os fundos de interesse público para programas
implementados em gestão direta e indireta.Esta
é a primeira vez que o regulamento relativo à condicionalidade é
aplicado, estando a proposta agora divulgada ligada a irregularidades na
Hungria, em questões como contratação pública, falhas no prosseguimento
das investigações e ações judiciais em casos relacionados com fundos
europeus e ainda deficiência na luta contra a corrupção.Os
Estados-membros no Conselho têm agora um mês para decidir se adotam as
medidas propostas pelo executivo comunitário, devendo este período ser
estendido por mais dois meses, dado ser necessário tempo para a adoção
das 17 medidas-chave avançadas por Bruxelas.A
Comissão irá, durante esse tempo, irá acompanhar a situação na Hungria,
que se comprometeu a prestar informação a Bruxelas sobre a completa
aplicação das medidas previstas até 19 de novembro.“É
preciso tempo, porque, mesmo que sejam feitos procedimentos acelerados
para aprovar leis e alterar a legislação, é preciso criar novas
instituições e contratar novos funcionários”, explicou Varga.Segundo a ministra húngara, o país deve ter até meio de novembro para mostrar que está no caminho certo.Os
receios de Bruxelas centram-se nos contratos públicos – compras pelo
Estado de bens e serviços ou para a execução de projetos com fundos da
UE – já que cerca de metade dos procedimentos de concurso envolveram
apenas um proponente.Os críticos dizem que
estes contratos permitiram ao Governo nacionalista do primeiro-ministro
Viktor Orban canalizar grandes somas de dinheiro da UE para negócios de
membros politicamente associados.Apesar
das preocupações, Hahn saudou a proposta da Hungria para corrigir o
problema, afirmando que a intenção vai “na direção certa”. Na
segunda-feira, os eurodeputados da comissão do Controlo Orçamental do
Parlamento Europeu saudaram a proposta para suspensão de fundos
comunitários à Hungria, sublinhando esperarem que Budapeste “honre as
promessas”.“É crucial que Viktor Orban
consiga evitar estas sanções antes do final do ano com algumas
reformas”, disse o eurodeputado alemão Daniel Freund, defendendo ser
necessário “uma postura decisiva, e não apenas algumas melhorias da lei
húngara referente a contratos públicos”.