Hungria diz que refugiados podem trazer "terrorismo" e destruir identidade europeia
1 de set. de 2021, 16:11
— Lusa/AO Online
"Fui o primeiro
a opor-me definitivamente" à política de aceitação de refugiados em
2015, disse Orbán durante o Fórum Estratégico de Bled (Eslovénia),
referindo-se à sua recusa em acolher migrantes que fugiam da guerra na
Síria."Esta abordagem pode destruir a
identidade cultural da Europa. Acredito que (em 2015) muitas pessoas
perigosas chegaram à Europa e contribuíram com o terrorismo e muitas
dificuldades sociais. Não estamos preparados para enfrentar esses novos
desafios", disse Orbán durante a conferência que hoje e quinta-feira
reúne líderes e especialistas europeus para debater o futuro da Europa."Com o Afeganistão, isso é uma realidade novamente", disse Orbán.O
primeiro-ministro húngaro garantiu que para resolver "os desafios
demográficos" da União Europeia (UE), com o envelhecimento da população,
não são precisos “recém-chegados no lugar do próprio povo que vive aqui
originalmente".“É uma abordagem
matemática. Se convidarmos outros de fora da Europa, isso mudará a
identidade cultural da Europa. Há países que aceitam. A Hungria não está
entre esses países”, sublinhou.Pelo contrário, defendeu que “a política familiar cristã tradicional pode ajudar diante desta crise demográfica”.Orbán
também disse que "as disputas sobre questões de migração na UE criaram
muitas diferenças" e garantiu que agora não são “capazes de superar essa
lacuna".O primeiro-ministro da Hungria
refutou assim o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, que
durante o seu discurso no mesmo fórum disse ter ficado "muito
desapontado" com o facto de a UE não acolher refugiados afegãos. “Fiquei
muito desapontado com as conclusões do Conselho dos Assuntos Internos
de ontem. Vimos países de fora da UE a disponibilizaram-se para acolher
requerentes de asilo afegãos, mas não vimos um único Estado-membro a
fazer o mesmo”, criticou hoje o líder da assembleia europeia.Discursando
um dia depois da reunião extraordinária dos ministros do Interior da UE
e antes dos encontros informais dos ministros da Defesa e dos Negócios
Estrangeiros na Eslovénia, David Sassoli acrescentou que “todos [os
Estados-membros] pensaram corretamente naqueles que trabalharam com a
União e nas suas famílias, mas nenhum teve a coragem de oferecer refúgio
àqueles cujas vidas ainda hoje estão em perigo”.“Não
podemos fingir que a questão afegã não nos diz respeito porque
participámos nessa missão e partilhámos os seus objetivos e metas”,
vincou.Para David Sassoli, “uma voz
europeia forte e comum na cena internacional é agora mais necessária do
que nunca e avançar para “uma verdadeira política de segurança e defesa
comum”.Os ministros do Interior da UE
comprometeram-se na terça-feira a, após as “lições aprendidas” na crise
migratória de 2015, prevenir “movimentos migratórios ilegais em larga
escala e descontrolados” devido à situação no Afeganistão, prometendo
ainda assim proteção aos civis na região e aos refugiados.Os
talibãs conquistaram Cabul em 15 de agosto, concluindo uma ofensiva
iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares
norte-americanas e da NATO, que se encontravam no país de 2001, na
sequência do combate à Al-Qaeda após os atentados terroristas de 11 de
setembro de 2001.