HRW denuncia queima de cerca de 300 aldeias rohingyas na Birmânia
17 de out. de 2017, 11:11
— Lusa/AO online
A HRW utilizou imagens de satélite para
identificar 288 aldeias queimadas, total ou parcialmente, no norte do
estado de Rakhine, com dezenas de milhares de estruturas afetadas, a
maioria casas habitadas por rohingyas.Num comunicado, a
organização de defesa de direitos humanos assegurou que 90% das aldeias
afetadas concentraram-se no município de Maungdaw e que os incêndios
queimaram casas de rohingyas, mas deixaram intactas zonas adjacentes
habitadas por budistas.A HRW indicou também que pelo menos 66
aldeias foram queimadas desde 05 de setembro, quando o Governo birmanês
deu por concluída a “operação de limpeza” iniciada após o ataque de um
grupo rebelde rohingya a 25 de agosto e que, segundo a ONU, levou 530
mil rohingyas a fugir para o Bangladesh.“As últimas imagens de
satélite mostram porque é que meio milhão de rohingyas fugiu para o
Bangladesh em apenas quatro semanas”, disse o subdiretor para a Ásia da
HRW, Phil Robertson.“O exército birmanês destruiu centenas de
aldeias rohingya ao mesmo tempo que cometeu assassínios, violações e
outros crimes contra a humanidade que forçaram os rohingya a fugir para
salvar as suas vidas”, acrescentou.O Governo birmanês assegurou
que a violência foi originada por “terroristas rohingyas”, apesar de o
Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU ter classificado a
operação militar como uma “limpeza étnica”.Antes da operação
militar estimava-se que cerca de um milhão de rohingyas vivia em
Rakhine, onde são alvo de crescente discriminação desde o surto de
violência sectária de 2012 que causou pelo menos 160 mortos.A
Birmânia não reconhece a cidadania aos rohingya e há vários anos que
lhes impõe severas restrições, incluindo a privação de liberdade de
movimentos.O Bangladesh, onde antes desta crise viviam cerca e
300 mil rohingyas, também trata os membros desta minoria como
estrangeiros e até agora apenas cerca de 30 mil foram reconhecidos como
refugiados.