Hoteleiros desvalorizam impacto do caso de justiça na Madeira no turismo da região
22 de fev. de 2024, 08:22
— Lusa/AO Online
À margem do início do 34.º
Congresso nacional da Hotelaria e Turismo, promovido pela Associação da
Hotelaria de Portugal (AHP), no Funchal (Madeira), quando confrontado
com possíveis impactos na imagem do setor e destino turístico, o
presidente da AHP começou por fazer a destrinça: "Ao turismo o que é do
turismo e à justiça o que é da justiça". No
entanto, Bernardo Trindade acrescentou depois considerar que "a decisão
do juiz de instrução na semana passada relativamente aos envolvidos foi
uma boa notícia para o congresso" que a associação realiza agora. "Não
nos iludamos, isso foi importante. Este restaurar de confiança foi
importante para o nosso congresso. Por isso, na dimensão da justiça não
temos que nos pronunciar, agora o que é importante é, sobretudo,
dizer-vos que sentimos nos últimos dias uma confiança reforçada, o que
nos deixa obviamente muito satisfeitos, trazer o congresso para a
Madeira foi uma boa decisão", disse o presidente da AHP. Questionado
se esse sentimento significou mais inscrições depois dessa decisão,
Bernardo Trinada anuiu, dizendo que "importantes inscrições de última
hora aconteceram". O congresso nacional da AHP conta com 500 participantes e decorre até sexta-feira, sob o tema "Horizonte 20-30". Em
24 de janeiro, a Polícia Judiciária (PJ) realizou cerca de 130 buscas
domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos
Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que
investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica
em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem,
abuso de poderes e tráfico de influência.Na
sequência desta operação, a PJ deteve o então presidente da Câmara do
Funchal, Pedro Calado (PSD), que também já renunciou ao cargo, o líder
do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o principal acionista do
grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia.Os três arguidos foram libertados em 14 de fevereiro com termo de identidade e residência, três semanas após as detenções.A
vice-presidente da AHP, Cristina Siza Vieira, também desvalorizou o
impacto do caso de justiça recente no turismo da região autónoma,
afirmando que o processo "não compromete o que são as bases, o que leva a
viajar: a segurança, o bom tempo, os bons serviços, etc". "Quanto
muito"- para Cristina Siza do Vieira - o impacto dá-se do ponto de
vista dos investimentos, que podem fazer uma refrear à espera. E assim, Bernardo Trindade saudou o regresso do congresso da Associação de Hotelaria de Portugal à Madeira 32 anos depois."Quisemo-lo
fazer para render tributo a uma região que sendo a região turística
mais antiga do país, manteve ao longo de décadas uma qualidade de
serviço, uma qualidade nas infraestruturas públicas e privadas,
reveladora do ADN de um povo que tem no saber receber uma marca
identária", reforçou.