Hotelaria aplaude "postura responsável" do Governo açoriano sobre Plano Turístico
19 de mai. de 2022, 12:50
— Lusa/AO Online
Em declarações à agência Lusa, a
delegada nos Açores da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP),
Andreia Pavão, disse estar de acordo com a decisão do Governo Regional,
de coligação PSD/CDS-PP/PPM, justificando que o documento "já estava
datado" e não tinha existido, "recentemente, uma fase de revisão e de
reanálise pelo setor". "Efetivamente há
aspetos que deverão ser revistos, que fazem sentido serem repensados,
muito em particular no caso da definição de intensidade e de densidade
em função das dormidas", apontou Andreia Pavão.
A representante da AHP afirmou à Lusa discordar de que "a intensidade
seja medida apenas pelas dormidas, por uma questão até académica".
Segundo explicou, "o mesmo número de dormidas pode representar
diferentes níveis de carga sobre o destino, considerando por exemplo o
efeito da estada média". "Não concordamos com aquele indicador de intensidade que mede apenas as dormidas como barómetro", vincou Andreia Pavão. A delegada da AHP reforçou que o setor privado "está alinhado com o posicionamento de sustentabilidade” dos Açores. "Contudo, isto não significa que não haja margem para crescimento. Existe em várias ilhas", assinalou.A
responsável indicou que o arquipélago açoriano está "longe dos valores
de massificação", já que se assistiu "a uma grande pausa, durante dois
anos", devido à pandemia de covid-19.Para a representante da AHP o setor precisa, por isso, que "retomar a trajetória de crescimento"."Entendemos
que esta postura do Governo Regional foi bastante responsável no
sentido de ouvir o setor, de atualizar documento, de o rever. Ficamos
contentes com a decisão", sublinhou.A
carta do gabinete da Presidência do Governo a pedir ao parlamento o
cancelamento da apreciação do novo POTRAA está disponível na página da
Internet da Assembleia Legislativa Regional e foi consultada pela Lusa
na quarta-feira. O documento apresenta
nove fundamentos para o pedido de cancelamento doPOTRAA, nomeadamente os
efeitos da aprovação da taxa turística regional e a necessidade de
ponderar os efeitos, no setor, de “todos os factos e impactos que possam
ter existido desde 2019" até 2022.O
executivo (PSD/CDS-PP/PPM) pretende, também, reavaliar “o modelo que
subjaz ao POTRAA” e a “própria metodologia de estruturação”, conferindo
ao documento “um cariz mais orientador e não tanto regulamentador”.A
intenção, diz o Governo, é “conferir essa incumbência e possibilidade
aos municípios, a operacionalizar em sede dos respetivos planos
diretores municipais”.A versão do POTRAA
atualmente em vigor data de 2008 e está parcialmente suspensa e sujeita a
medidas de caráter provisório desde 2010.Várias
representações parlamentares alertaram para a desatualização dos dados
do relatório final de revisão do POTRAA, que foi aprovado no Conselho do
Governo em fevereiro, seguindo em março para apreciação do parlamento
sob a forma de Decreto Legislativo Regional.No
documento dirigido na quarta-feira ao parlamento, a presidência do
Governo diz ter-se verificado, “agora, que alguns aspetos do conteúdo
técnico de revisão do POTRAA necessitam de ser equacionados e melhor
ponderados”.Entre as justificações para o
cancelamento, a Presidência aponta “a necessidade de ponderação do
impacto dos efeitos da pandemia de covid-19 no setor do turismo, bem
como das alterações no setor da aviação internacional”.Por
outro lado, refere ser preciso “ponderar os efeitos, no setor do
turismo, de todos os factos e impactos que possam ter existido desde
2019 […] nomeadamente os efeitos reais e potenciais da crise energética,
do conflito armado na Ucrânia e da crise sismovulcânica que afeta a
ilha de São Jorge”.O Governo de coligação
PSD/CDS-PP/PPM aponta, também, a “necessidade de realizar uma melhor
estruturação, explicação e aprofundamento de algumas medidas e
propostas” e “ponderar o impacto das alterações estruturais no modelo de
transportes da Região.