Hospital Santa Maria inaugura hoje uma das maiores unidades de cuidados intensivos do país
21 de mai. de 2021, 10:47
— Lusa/AO Online
Dispersas
por um espaço amplo todo pintado de branco, onde sobressai um chão azul
claro, as 25 camas da nova Unidade de Cuidados Intensivos (UCI)
polivalente, apetrechada com equipamentos inovadores no valor de 1,8
milhões de euros, vêm juntar-se às já existentes, passando a totalizar
44.As 25 camas da nova UCI, com uma área
de 1.300 m2, são todas de nível III, indicadas para doentes complexos
que necessitam de suporte respiratório por falência multiorgânica.Além
do investimento estatal e de verbas próprias, o CHULN teve doações de
vários mecenas, como a Fundação Oriente, Cristiano Ronaldo e o
empresário Jorge Mendes.No dia da
reportagem da Lusa, na terça-feira, vários trabalhadores davam os
últimos retoques na pintura das paredes, varriam, colocavam monitores e
equipamentos, para que tudo estivesse pronto para abrir hoje as portas e
começar a receber doentes a 01 de junho.Para
o presidente do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN),
Daniel Ferro, a nova UCI representa “um bom reforço” nos cuidados
intensivos, cujo número de camas quadruplicou em cinco anos, passando de
11 para 44.Além do crescimento físico, o
Serviço de Medicina Intensiva passa a estar também equipado com
inovações tecnológicas que permitem a gestão em rede de todos os
equipamentos e a análise mais eficiente dos dados para tratamento e
investigação clínica.“No período da
pandemia que vivemos temos possibilidade de refletir sobre os meios que
tínhamos ao doente crítico e reforçá-los e esta unidade é exatamente
nessa linha como outras medidas que temos em preparação”, disse o
responsável do CHULN, que integra os hospitais Santa Maria e Pulido
Valente. Para Daniel Ferro, o papel e a
missão do centro hospitalar têm que ser cada vez mais no seu
apetrechamento para atender "mais doentes críticos” e ter “melhores
condições de atendimento”.“A aposta na
requalificação do centro [hospitalar] tem sobretudo que ver com o
reforço de meios diferenciados, quer tecnológicos, quer do ponto de
vista dos serviços e dos cuidados a prestar no Hospital Santa Maria, de
forma a que se prepare o Pulido Valente para prestar também melhores
cuidados na área de ambulatório”, sublinhou.Nas
instalações da nova UCI, que tem acesso direto ao Serviço de Urgência, o
diretor do Serviço de Medicina Intensiva, João Ferreira, afirmou que
este projeto de requalificação é “muito importante” em todos os vetores
da Medicina Intensiva.“É muitíssimo
relevante do ponto de vista assistencial, formativo, e do ponto de vista
do desenvolvimento de projetos ligados à inovação em saúde e do ponto
de vista investigacional”, salientou.Para
João Ferreira, é importante que nesta fase se olhe “com serenidade e com
objetividade” para o período que se acabou de viver e que “foi dominado
pela expressão e pela pressão determinada pela pandemia”.“Devemos
avaliar com serenidade, com objetividade aquilo que era a nossa
condição e identificarmos as áreas onde é fundamental melhorar para
preparar o país, não digo para as próximas pandemias, mas para as
próximas gerações. É uma obrigação que assiste a todos de forma
permanente”, defendeu.No seu entender, a
pandemia veio pôr em evidência “as insuficiências” que existiam no SNS:
“Algumas já foram identificadas, estão a ser analisadas, debatidas, e
muitas já foram reconhecidas e, portanto, já muito se refletiu também
nessa matéria”.Considerou que este projeto
de requalificação é também “uma resposta pragmática, objetiva, muito
adequada e muito sensata àquilo que foi identificado como uma
insuficiência do Serviço Nacional de Saúde”.Questionado
se a resposta à pandemia foi adequada, João Ferreira afirmou: "Para
quem está na posição em que eu me encontro, neste ponto de observação,
eu acho que a resposta que o país deu ao nível daquilo que eram as
instituições de saúde, dos profissionais de saúde, só pode ter um
qualificativo, que é obviamente positivo”.Contudo,
defendeu ser importante ter “a opinião de quem olha para a mesma
realidade noutros pontos de observação”, considerando que é “uma
responsabilidade que assiste a todos enquanto comunidade”.“Nós
estamos a dois três meses de distância de um tumulto que arrasou o
país, mas parece que já foi muito distante”, comentou, aludindo ao pico
da pandemia ocorrido em janeiro.Mas,
realçou, estão a construir-se “linhas de ação e de resposta edificantes
para o país e que podem ajudar a corrigir assimetrias ou insuficiências
que existiram”.