Hospital Santa Maria abre este ano centro de ensaios clínicos em oncologia
9 de jun. de 2022, 11:38
— Lusa/AO Online
Luís
Costa contou que o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN)
foi identificado como parceiro do START, “um grande consórcio
internacional de estudos clínicos fase 1”, para abrir uma unidade em
Portugal, nomeadamente em Lisboa.O
oncologista destacou a importância destes centros de investigação porque
permitem “dar uma oportunidade” aos doentes que já não têm alternativas
terapêuticas de poderem beneficiar de um tratamento na fase inicial.“São
doentes com cancro que, em princípio, já terão ultrapassado as linhas
terapêuticas adequadas (‘standard’), mas estão ainda em boas condições
para poderem receber um tratamento que pode vir a significar uma nova
opção terapêutica para os doentes com cancro”, explicou.Os
ensaios clínicos de fase 1 são responsáveis por identificar a
segurança, a posologia e os sinais de eficácia numa fase muito precoce
da experimentação humana. Se não forem bem conduzidos podem excluir para
o futuro alternativas terapêuticas que seriam muito válidas para o
progresso na cura do cancro, sendo por isso a seleção de centros para
investigação "extremamente criteriosa por parte dos detentores dos
potenciais novos medicamentos".Nesses
estudos fase 1, disse Luís Costa, “é preciso muito cuidado”, uma vez que
os doentes estão expostos pela primeira vez ao medicamento.“Temos
que monitorizar muito bem tudo quanto é a parte clínica e a segurança
dos doentes, mas também é muito importante para nós entendermos qual é o
potencial terapêutico desses medicamentos”, afirmou, salientando que
uma “lista de 20 ou 30 medicamentos” aprovados para o tratamento do
cancro foram testados pela primeira vez em humanos nos centros de
investigação START.Para Luís Costa, estes
ensaios significam também “um ganho muito grande do ponto de vista de
aproximação da ciência para o doente”.“Esta
é a fase em que nós avaliamos com todo o detalhe como é que um
princípio científico de luta contra o cancro é ou não é realizável em
termos de ganhos clínicos para o doente”, declarou.Nesse
sentido, salientou, vai haver “um ganho muito grande do ponto de vista
científico” para o Centro Académico de Medicina de Lisboa, porque tem um
hospital, o Instituto de Medicina Molecular e uma faculdade.“Como
nós queremos trabalhar também em parceria com outras instituições, que
farão parte do Centro Académico de Medicina de Lisboa, outros hospitais,
obviamente que estamos disponíveis para receber doentes de outros
hospitais que tenham condições para participar nestes estudos de fase
1”, avançou o especialista. O centro de
ensaios estará operacional até final do ano e prevê-se que, em fase de
pleno funcionamento, possa incluir entre 150 a 200 doentes com
diferentes tipos de cancro, disse, salientando que os gastos com exames,
medicamentos, análises são assegurado pelo projeto, significando um
ganho para o hospital. Numa primeira
fase, estará localizado em espaço próprio no piso 9 do Hospital de Santa
Maria, estando acordado a construção de um novo espaço, próximo dos
serviços de Oncologia e do Serviço de Radioterapia, que acolherá as
instalações definitivas do START-Lisboa.
O START é um consórcio internacional que tem centros em Santo António
do Texas, em Michigan, em Madrid, em Xangai e em Taipé, sendo o maior
centro associado para ensaios de fase 1 a nível mundial.
Desde 2020, que o conselho de administração do do CHLN e a Direção do
START desenvolveram esforços para a concretização do projeto, que
culmina hoje com a assinatura de um contrato de colaboração entre as
duas instituições.