Hospital de Ponta Delgada suspende cirurgias programadas por "enorme pressão"
7 de fev. de 2019, 15:36
— Lusa/AO Online
No
texto, datado de 05 de fevereiro, terça-feira, e assinado pelo diretor
clínico do hospital, é referido que "as enfermarias de medicina mantêm
uma taxa de ocupação diária de 100% e um número nunca inferior a 18-20
doentes distribuídos nas enfermarias das especialidades”, e os
"constrangimentos desta situação são sentidos diariamente", havendo
ainda nesta fase um "afluxo significativo" de doentes às urgências.Tal
tem gerado, prossegue o diretor clínico do hospital açoriano, "pressão
sobre os profissionais de saúde", aumento de "conflitualidade
interpares, interprofissionais e com os próprios doentes" e "degradação
da qualidade e segurança assistenciais" aos doentes.A
direção clínica e a administração do HDES dizem que têm "chamado a
atenção da tutela" há "mais de dois anos" para a necessidade de se ter
"uma solução nos cuidados primários e na comunidade de modo a que sejam
libertadas as camas ocupadas com casos sociais e de cuidados
continuados".Contudo,
prossegue a missiva, "continuam internados um número significativo de
utentes com alta médica a aguardar solução social".Nos
últimos dias, a situação agravou-se e foi comunicada à tutela, tendo o
diretor clínico, "em consciência e em concordância com o restante
conselho de administração", decidido manter a "suspensão de toda a
atividade cirúrgica dos programas de cirurgia adicional, de acordo" com
uma outra nota interna de 10 de janeiro, e aplicado uma norma de março
de 2018 suspendendo "a atividade cirúrgica programada nos moldes
contidos" nesse texto.Nessa
circular do ano passado, a que a Lusa teve também acesso, era decretada
a suspensão de "toda a atividade cirúrgica programada que implique o
internamento prolongado dos doentes", o que agora se repete.As
exceções à regra incluem casos de doentes que "estejam em tratamento e
cuja cirurgia já programada faça parte do processo terapêutico", doentes
com "patologia neoplásica prioritária e já agendados", "doentes já
internados e a aguardar cirurgia nas diferentes especialidades" ou casos
que impliquem "a vinda de cirurgião não residente" nos Açores ou
"material já requisitado do exterior".A
circular de 05 fevereiro não aponta uma data para o fim da suspensão
das cirurgias programadas, antes assevera que será retomada a atividade
do bloco operatório "assim que estejam garantidas as condições de
segurança e ultrapassados os atuais constrangimentos sentidos pelo
hospital".O
diretor clínico do HDES diz-se triste por, "apesar de insistentemente
terem sido lançados alertas ao longo dos últimos anos", não se ter ainda
conseguido "construir uma solução para as situações críticas, mais
ainda sendo previsíveis e com tendência a agravar ano após ano", e diz
ainda "lamentar profundamente os incómodos causados aos doentes",
nomeadamente aos que "tinham a expectativa de poderem ser operados nos
próximos dias".A Lusa contactou a secretaria regional da Saúde do executivo açoriano, que remeteu um comentário para momento posterior.