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Hospital da Horta apresenta resultado negativo de 3,5 milhões de euros em 2024

Apesar do resultado negativo obtido em 2024, o Hospital da Horta melhorou a prestação face a 2023, mas a dívida aos fornecedores aumentou para 24 milhões de euros neste ano, mais 1,6 milhões em relação ao ano anterior


Autor: Rafael Dutra

O Hospital da Horta apresentou um resultado líquido negativo de 3.422.114 euros em 2024, o que representa uma descida de 2.122.718 euros face ao período homólogo (-38%). 

No entanto, esta unidade hospitalar registou um acréscimo nas dívidas aos fornecedores, que se fixou nos 24 milhões de euros neste período, mais 1,6 milhões de euros do que no ano transato.

A informação consta no Relatório e Contas de 2024 do Hospital da Horta, consultado pelo Açoriano Oriental, documento que revelou que este resultado ficou “aquém do esperado”, logo à partida porque o valor do financiamento atribuído em contrato-programa com a Direção Regional da Saúde foi de 38 milhões e 68 mil euros, em vez dos 43 milhões e 481 mil euros inscritos no plano e orçamento do hospital para 2024.

Apesar de não ser os valores inscritos para 2024, o financiamento obtido em neste ano foi de 38 milhões de euros, mais 5 milhões de euros do que no ano transato. Já as restantes transferências provenientes do Orçamento da Região totalizaram 834 mil euros (646 mil euros em 2023).

Quanto ao EBITDA - resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações - o Hospital da Horta atingiu, no período em análise, 164 mil euros negativos, resultado superior aos 2,2 milhões de euros negativos alcançados no ano transato. Segundo o hospital, a variação positiva neste resultado, deve-se em grande parte ao aumento da receita via financiamento do contrato-programa.

Os custos operacionais ascenderam a 43,8 milhões de euros (40,8 milhões de euros, em 2023) o que se traduz num ligeiro aumento face ao período homólogo (+7%).

Por sua vez, a dívida acumulada a fornecedores a 31 de dezembro de 2024 situou-se nos 24,04 milhões de euros, mais 1,6 milhões de euros o que representa um acréscimo homólogo de 7%.

De um modo geral, o conselho de administração do Hospital da Horta realça a necessidade ao acionista de “canalizar todos os recursos financeiros disponíveis, para que a gestão operacional do hospital possa ser desenvolvida dentro dos níveis e metas programadas através de contratos-programa plurianuais e outras orientações emanadas pelos responsáveis da política de saúde”.

“A capacidade do hospital operar em continuidade dependerá da capacidade do acionista continuar a disponibilizar os fundos necessários para a reposição do equilíbrio financeiro e patrimonial, sem os quais não será possível proceder à liquidação das dívidas a terceiros dentro dos prazos contratualmente estabelecidos”, é possível ler no documento.

Não obstante, o Hospital da Horta revela que prevê celebrar acordos de pagamentos com os diversos fornecedores, através do recebimento de um reforço financeiro por parte da tutela, para fazer face aos pagamentos de algumas dividas em atraso, algumas das quais bastante volumosas.

De acordo com o conselho de administração do Hospital da Horta, os resultados obtidos em 2024 refletem “a insuficiência dos rendimentos (contrato-programa) face à extensa e crescente atividade hospitalar desenvolvida neste período”.

“Além do contexto macroeconómico adverso, marcado por uma elevada inflação e com o respetivo aumento de preços de medicamentos e serviços, é importante reforçar mais uma vez, que o principal aumento dos gastos ocorridos no período, verificou-se na rubrica custos com pessoal, fruto, em larga de medida, de incrementos nas remunerações de diversas carreiras, inclusive via reposições salariais”, é explanado no documento.

Apesar do aumento homólogo de verbas via contrato-programa, o Hospital da Horta reitera a importância do reforço do financiamento, “de modo a assegurar-se o equilíbrio financeiro que permita uma verdadeira capacidade de decisão em termos de gestão corrente e estratégica da sua atividade, seja ao nível de recursos humanos, seja ao nível dos principais investimentos a realizar”.