Horários de alunos serão adaptados ao ensino à distância
Covid-19
30 de mar. de 2020, 17:47
— Lusa/AO Online
“Tenho vários professores que admitiram que
ficaram praticamente arrasados com as duas últimas semanas de aulas”,
contou à Lusa o presidente da Associação Nacional de Dirigentes
Escolares (ANDE), Manuel Pereira, defendendo que será preciso “adaptar
os horários” dos alunos.Para tentar
controlar a propagação do novo coronavírus, o Governo decidiu em 16 de
março encerrar as escolas e avançar com aulas à distância.Em
poucos dias, os professores tiveram de se adaptar às mudanças e começar
a ensinar através de plataformas online ou do envio de trabalhos por
email.Foram duas semanas “muito
exigentes”, segundo Manuel Pereira. “Os professores entraram num ritmo
impensável”, lembrou, explicando que ter cinco turmas em ensino
presencial é diferente de ter “cem alunos” à distância.O
ensino à distância obriga a que o professor esteja atento às diferentes
realidades de cada aluno e que consiga perceber e acompanhar as
dificuldades de cada um. Só no ensino básico e secundário, mais de um
milhão de alunos continuou a ter aulas sem sair de casa.Em
poucos dias os professores tiveram de adaptar as aulas presenciais ao
ensino à distância. As plataformas digitais passaram a ser as novas
salas de aula.“Havia professores para quem
estes instrumentos de trabalho eram desconhecidos e que hoje são
verdadeiros craques”, corroborou Filinto Lima, presidente da Associação
Nacional de Diretores e Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).Além
disso, muitos docentes estiveram a dar aulas de casa ao mesmo tempo que
também tinham de acompanhar os filhos e fazer refeições, lembram os
sindicatos de professores.Ainda há muitas
dúvidas sobre como será o terceiro período, mas neste momento há já uma
certeza: “os horários de trabalho terão de ser adaptados”, alerta Manuel
Pereira. “No terceiro período, que já se
percebeu que vai começar com o ensino à distância, é preciso ocupar os
alunos de forma estimulante. Não há interesse em simplesmente manter os
alunos o dia inteiro ligados”, defendeu Manuel Pereira.“Não
é possível que os alunos estejam em casa a cumprir um horário como até
aqui. Teremos de planificar o trabalho futuro à luz dos 15 dias de aulas
que tivemos”, concluiu Manuel Pereira.Hoje,
os professores começaram as reuniões de avaliação dos alunos e os
diretores garantem que estes encontros de docentes, à distância, também
estão a servir para discutir métodos de trabalho usados nas últimas duas
semanas de aulas.A Lusa falou com vários
professores que reconhecem que não existe uma solução perfeita, já que
todas as opções têm vantagens e desvantagens.Além
dos casos dos alunos sem acesso à internet – 5% das famílias com
crianças até aos 15 anos – existem outros impedimentos que os docentes
dizem estar a enfrentar.O e-mail é a forma mais acessível, mas não permite uma comunicação imediata com o aluno.As
plataformas de videoconferência recriam um ambiente mais semelhante ao
de uma sala de aula mas podem ser impeditivas no caso de haver vários
alunos em casa ou pais em teletrabalho: Se não houver um computador para
cada aluno, ele pode perder a aula, já que esta tem uma hora para
começar e outra para acabar.Entretanto, o
Ministério da Educação falou na possibilidade do regresso de uma espécie
de telescola, cujos conteúdos seriam transmitidos em canal aberto, em
canais de televisão como a RTP2 ou o Canal Parlamento. Para os diretores escolares, todas as medidas que permitam aumentar as possibilidades de acesso ao conhecimento são bem-vindas.