“Uma ideia que vem na senda dos 50 anos do 25 de Abril e que consubstancia canções que moveram, de alguma fora, as revoluções”, afirma a cantora sobre este novo trabalho.

Ao jornal Açoriano Oriental, Helena Oliveira recorda que o início da Revolução dos Cravos foi marcado “por duas canções que foram como senhas do comando operacional, nomeadamente o ‘E Depois do Adeus’ de Paulo de Carvalho e ‘Grândola, Vila Morena’ de Zeca Afonso. Foi também através da música que se começou uma revolução ‘sem sangue’, que de vermelho teve cravos, pese embora a revolução em Portugal ter registado cinco mortes, sendo um deles de Ponta Delgada, João Guilherme Arruda”.

A cantora açoriana, que está a celebrar 25 anos de carreia, refere que este seu novo projeto tem o intuito de “pensar como a poesia e a música, e a estética, possam ter sido motores do final dos regimes totalitaristas ao longo da Europa”, acrescentando que “não nos podemos esquecer que a Europa tinha várias colónias em África e Portugal quis permanecer com as suas colónias e numa guerra inglória durante 13 anos” e, por isso, também celebra-se, “nesta visão a independência destas colónias portuguesas e existem canções que também celebram esta liberdade e independência destes países”.

Por outro lado, Helena Oliveira, sublinha que “já que estamos no centro do Atlântico, porque não termos uma visão sobre este fenómeno que vem, desde da Europa, passando por África e indo até à América do Sul, para países que também viviam os regimes totalitaristas, como o Brasil”. Portanto, é um trabalho que “fala de músicas, de compositores e poetas, não só regionais que cantaram ‘Abril’, mas também nacionais e internacionais e, no fundo é este o grande objetivo deste trabalho”, frisa a cantora.

Esta noite, no palco do Teatro Micaelense, Helena Oliveira é acompanhada por Ricardo Dias (piano, direção musical e arranjos), António Pinto (guitarras), André Sousa Machado (bateria e percussão), Mike Ross (contrabaixo) e Manuel Rocha (violino). Como convidados de honra, “terei a Raquel Dutra - que é uma voz já incontornável do panorama regional - e o Romeu Bairos, bem como as vozes masculinas do Coral de São José, que irão estar nos temas de ‘Abril’”.