Autor: Filipe Torres
O Conselho de Administração do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, admitiu rever o atual modelo de registo e acesso às visitas, na sequência de críticas feitas numa carta aberta assinada por Miguel Cabral, filho de pais internados no hospital.
Atualmente, o HDES estabelece dois horários de visitas: entre as 12h00 e as 14h00 e entre as 18h00 e as 20h00. A carta aberta denuncia que, em ambos os períodos, os familiares são obrigados a permanecer em fila para efetuar o registo apenas à hora exata definida, desperdiçando assim parte do tempo de visita. Ainda segundo a carta, a situação agrava-se pelo facto de as visitas coincidirem com as refeições (almoço e jantar), momentos em que muitos doentes, sobretudo idosos, necessitam do apoio direto dos familiares para se alimentarem.
Apesar de reconhecer “o esforço e a dedicação dos profissionais de saúde” no cuidado aos internados, o autor alerta para falhas organizacionais que consideram comprometer a humanização do internamento. No texto, lê-se que “são muitos os familiares e utentes que consideram este modelo de visitas inadequado, desgastante e desnecessariamente rígido”.
A proposta apresentada passa por permitir que o registo dos visitantes seja feito antes do início oficial do horário, evitando filas e permitindo que o tempo junto do doente seja plenamente aproveitado. “Dessa forma o tempo de visita seria integralmente destinado ao tempo que realmente importa - estar com o doente”, explica.
“Uma alteração tão pequena poderia ter um impacto enorme. Ganhar-se-iam minutos valiosos de apoio, partilha ede cuidado. Reduzir-se-ia afrustração das famílias e melhorar-se-ia a serenidade dos doentes. E, acima de tudo, reforçar-se-ia a dignidade de pessoas que, em situações de fragilidade extrema, merecem toda a atenção possível, não apenas clínica, mas também humana”, lê-se na carta aberta.
A administração reconheceu, em resposta ao Açoriano Oriental, a pertinência das observações, agradeceu as sugestões recebidas e assegurou que “irá diligenciar no sentido de acolher as mesmas com um sistema próprio para o efeito, no mais curto espaço de tempo possível para a sua implementação”.
O Conselho de Administração
não detalhou ao Açoriano Oriental que alterações concretas serão
implementadas, mas garante estar a trabalhar num novo sistema que
concilie segurança, eficiência administrativa e a humanização dos
cuidados.