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HDES começa este verão a acompanhar doentes em casa

A Unidade de Hospitalização Domiciliária arranca neste verão com cinco camas fora do hospital, cujos doentes serão assistidos em casa e acompanhados por uma equipa médica e de enfermagem


Autor: Rui Jorge Cabral

A Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD) do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES) vai arrancar neste verão, até ao mês de setembro, com cinco camas fora do contexto hospitalar, que receberão visitas diárias de uma equipa médica e de enfermagem, de segunda a sexta-feira, durante o período da manhã. 

A apresentação da nova UHD foi realizada ontem no Auditório do Hospital do Divino Espírito Santo, seguida de uma visita às instalações da unidade, na presença da presidente do conselho de administração e diretora clínica, Paula Macedo, bem como das coordenadoras médica e de enfermagem da UHD, respetivamente Marisa Rocha e Andreia Sousa. 

Em declarações aos jornalistas, a médica coordenadora da Unidade de Hospitalização Domiciliária do HDES, Marisa Rocha, explicou que “a hospitalização domiciliária tem vantagens a todos os níveis, desde logo para o doente, que deixa de estar internado num hospital e pode ter em casa o mesmo nível de cuidados, com o mesmo rigor científico e com uma humanização e proximidade com os profissionais de saúde”. Isto porque, no contexto hospitalar e com vários doentes internados, nem sempre é fácil ao doente falar com o médico/a ou com o enfermeiro/a quando pretende.

Mas também ao nível social, a hospitalização domiciliária tem ganhos, “porque conseguimos, estando na casa do doente, aumentar a literacia para a saúde, com ganhos a nível dos doentes e dos familiares”, explicou Marisa Rocha, evitando-se igualmente muitassituações de reinternamento.

Além disso, em ambiente familiar reduzem-se riscos para o doente quando está em contexto hospitalar como as quedas, as síndromes confusionais ou as infeções hospitalares, afirmou ainda a médica coordenadora da UHD do Hospital do Divino Espírito Santo.

Existem vários critérios de admissão para a hospitalização domiciliária, explicou Marisa Rocha, entre eles o de ser um doente com um diagnóstico estabelecido, que esteja estável e com comorbilidades que se consigam controlar em casa. São exemplos de doentes que, para já e nesta primeira fase do projeto, podem recorrer à hospitalização domiciliária os que sofrem de infeções respiratórias, como a pneumonia, a gripe ou a Covid-19, mas também os doentes com infeções urinárias, infeções da pele ou infeções ósseas ou ainda com doenças crónicas como a doença pulmonar obstrutiva ou a insuficiência cardíaca.

O número inicial de cinco camas é reduzido, mas é o normal sempre que se começa com um serviço destes a partir do zero, como foi o caso do HDES, sendo o objetivo crescer  durante o primeiro ano de funcionamento da UHD para as 10 camas. 

Refira-se que para a hospitalização domiciliária, a residência do doente não poderá ficar a mais de 30 minutos de distância por automóvel do HDES, o que exclui os concelhos do Nordeste e Povoação e mesmo algumas zonas dos concelhos abrangidos, que ficam mais distantes de Ponta Delgada.


Hospitalização domiciliária ganhou força após incêndio

A presidente do conselhoexecutivo e diretora clínica do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), Paula Macedo, afirmou que a concretização da hospitalização domiciliária, que há vários anos estava prevista, ganhou força a seguir aoincêndio no hospital, “porque foi também uma das respostas que foi apresentada comoestratégica” para colmatar as dificuldades no internamento por falta de disponibilidade de camas.

Paula Macedo congratulou o Serviço de Medicina Interna do HDES pela abertura da UHD, bem como a colaboração com a Unidade de Saúde da Ilha de São Miguel  e com a Liga dos Amigos do HDES, que forneceu a viatura onde as equipas se irão deslocar às casas dos pacientes.

Refira-se que a UHD do Hospital do Divino Espírito Santo foicriada com o apoio das equipas das unidades de hospitalização domiciliária do Hospital Garcia de Orta, em Almada, do Hospital de Vila Nova de Gaia e doHospital Nélio Mendonça, no Funchal.