Hamas acusa Israel de usar ajuda humanitária como chantagem política
Médio Oriente
5 de mai. de 2025, 12:03
— Lusa/AO Online
“Rejeitamos
o uso de ajuda humanitária como meio de chantagem política”, disse o
Hamas em comunicado, acrescentando que “a obstrução contínua à entrada
de ajuda” desde 02 de março tornou Israel “totalmente responsável pelo
agravamento da catástrofe humanitária” no território palestiniano.Israel
aprovou esta madrugada um plano para retomar o acesso de ajuda
humanitária, que estava completamente bloqueada desde o início de março,
embora, de acordo com a imprensa nacional, o plano tenha contado com a
oposição de alguns ministros.Já no
domingo, as agências da ONU e organizações não-governamentais (ONG) que
trabalham na Faixa de Gaza tinham rejeitado o plano de ajuda humanitária
norte-americano e de Israel, alegando que “viola os princípios
humanitários fundamentais” e deixará muita gente sem ajuda.Segundo
os representantes das organizações, Israel tenciona encerrar os
sistemas de distribuição de ajuda existentes, que são geridos pela ONU e
pelos seus parceiros, passando os fornecimentos a ser feitos por
centros de distribuição israelitas “sob condições militares israelitas”.Segundo
avança hoje o jornal Israel Hayom, o Governo também aprovou um aumento
gradual da pressão militar sobre o enclave e sobre o Hamas para que este
aceite um cessar-fogo.Israel bloqueou, em
março, o acesso de ajuda humanitária a Gaza para impedir o Hamas de
aceder ao material que entra na Faixa, onde ainda estão várias dezenas
de reféns israelitas levados pelos islamitas nos ataques de 07 de
outubro de 2023.O ministro da Segurança
Nacional, Itamar Ben Gvir, conhecido por ser ultranacionalista,
defendeu, na altura, não haver necessidade de introduzir ajuda em Gaza,
considerando que “os armazéns de alimentos do Hamas deviam ser
bombardeados”, provocando o que a imprensa local descreveu como uma
discussão acalorada com o chefe do Estado-Maior do Exército, Eyal Zamir.“[Essa
posição] coloca-nos em perigo. O direito internacional existe e
vincula-nos. Não podemos matar a Faixa de Gaza de fome. As suas
declarações são perigosas”, terá dito o chefe do exército, segundo a
emissora israelita Canal 12.Este é o maior bloqueio de Israel no enclave desde o início da ofensiva.As
organizações internacionais de ajuda humanitária dizem que estão a
ficar sem nada na Faixa de Gaza, devastada por mais de um ano e meio de
guerra entre o movimento islamita palestiniano Hamas e Israel.Antes
do cessar-fogo, a entrada de ajuda era significativamente limitada: a
agência da ONU para refugiados palestinianos (UNRWA) registou o acesso
de cerca de 92 camiões por dia em Gaza em novembro de 2024, enquanto
antes da guerra era de cerca de 500, o que já era considerado
insuficiente.