Autor: Miguel Bettencourt Mota
Vai lançar o seu álbum de estreia e tanto quanto julgamos saber ainda não há nome para ele...
Sim. O álbum não tem nome e não tenho data ainda para o lançar...Ainda não tenho sequer o álbum. Vamos começar a gravar em breve e pensamos lançá-lo ainda este ano...
...Mas será um trabalho de originais?
...Sim, tudo originais e com rock a cem por cento.
Nesta fase, há já músicas trabalhadas?
Há, vamos pôr alguns dos temas que temos andado a tocar nestes últimos anos e vamos colocar, talvez, uns três a quatro temas novos.
Que temas são esses, para além de Colorblind e No Chip in My Brain, que já pudemos conhecer através dos videoclipes?
Bem, a maioria das pessoas que vai aos nossos concertos já conhece uma boa parte das músicas que vão estar no CD. Há também a Mistress que já passou na rádio e que é acompanhado de Viola da Terra e outros temas como Institution e Do You Have a Dime....Depois vão estar também outras músicas que foram escritas nos últimos anos e meses.
Há músicas que estão trabalhadas há três anos. Porquê este espaço de tempo para lançar o álbum? Tem faltado criatividade ou disponibilidade?
Nem uma coisa, nem outra. O importante nesse espaço de tempo foi encontrar o meu som e o meu espaço na música. Acho que ter viajado estes últimos anos e ter feito concertos ajudaram-me a perceber aquilo que eu quero fazer enquanto cantora, para onde seguir e com que imagem. Houve tempo para crescer enquanto pessoa e também criativamente. Por que razão decidiu avançar para a gravação de um álbum?
Quero que as pessoas se lembrem de mim e me ouçam depois de um espetáculo. Não tenho a expetativa de fazer dinheiro com o álbum, mas quero que as pessoas depois de me ouvirem possam levar um pouco de mim para casa. E porquê recorrer a uma campanha crowdfunding? A vida de músico é complicada?
[risos] Muito complicada! Tudo o que temos feito até agora – viagens, concertos, vídeos – tem saído do nosso bolso. Tive que ter um pouco de coragem para recorrer ao crowdfunding (é estranho pedir dinheiro às pessoas), mas também senti que ia contar com o apoio delas, tal como tenho contado ao longo destes anos. Como regista o contributo das pessoas a este seu pedido de ajuda?
Há dias que tenho quase vontade de chorar! Eu não estava à espera desta resposta das pessoas...Tem chegado apoio de todos os cantos do mundo e a verdade é que passou pouco mais de uma semana desde que avançámos para a campanha. Entretanto, o fundo já angariou cerca de 70 por cento do valor proposto.
Vai lançar o álbum a partir da Região. Não teme que a nossa posição geográfica possa ser uma limitação à projeção que – deduzimos - ambiciona para si e para o disco?
Eu acho que a nossa insularidade, a nossa distância em relação ao mundo, já não é assim tão grande com as plataformas e redes sociais que existem hoje em dia (...) Além disso, as campanhas de crowdfunding servem já como uma espécie de pré-encomenda do álbum e essa é mais uma maneira de fazer o álbum chegar às pessoas. Neste seu percurso tem pisado vários palcos. Para além dos Açores, já a vimos passar pelos EUA e Inglaterra. Como tem sido?
As pessoas têm adorado o trabalho. Se me têm andado a dizer a verdade, acho que têm gostado [risos]. Tive o grande prazer de ir ao Lucky Strike, em Hollywood, estive em Londres, Nova Iorque, Boston e até agora o feedback tem sido positivo. Quando queremos fazer da música a nossa vida, uma boa parte do que desejamos é ouvir as pessoas a dizerem que gostam do que fazemos.
Pois, a verdade é que a Maria quer fazer da música a sua vida – e tem-no feito -, mas também é verdade que ainda procura um 'lugar ao sol' no meio musical...
Penso que, independentemente da área em que estivermos, queremos sempre fazer mais e melhor. A verdade é que não comecei assim há tanto tempo e ainda vou testando as águas por onde passo...Tento fazer as coisas calma e calculadamente, até porque a indústria musical não está para brincadeiras. Mas sim, quando me vir a tocar com mais frequência em clubes como o Lucky Strike ou o The Underworld, em Camden, julgo que me darei por feliz. Uma pessoa quer sempre mais, acho que faz parte da nossa natureza.
Nesse caminho, ser-se filha do Luís Gil Bettencourt e sobrinha do Nuno Bettencourt tem funcionado mais como uma contrariedade ou como um trampolim para poder singrar na indústria?
Eu acho que nem uma coisa, nem outra. O meu trabalho vale o que vale e vale por mim. Não é por ser filha ou sobrinha de quem sou que tenho tido oportunidades. As pessoas que nos contactam para tocarmos, fazem-no porque gostam do nosso trabalho e não pelos graus de parentesco. Eu prefiro que seja assim. Não é sequer uma pressão...
...Mas existe algum cansaço com o
facto, de muitas vezes, ser associada ao Luis Gil e ao Nuno
Bettencourt?
Não
me canso, nós somos família e vamos ser sempre! O que me chateia é,
muitas vezes, eu perder a minha identidade quando se divulga algo
sobre mim. Porque eu antes de ser a sobrinha do Nuno, ou filha do
Luís, sou a Maria! Isso é que me chateia: ver perder o meu valor
porque não respeitam a minha identidade!