"Há tempo" e "condições" para evitar 3ª Guerra Mundial apesar de mais conflitos
19 de set. de 2024, 11:08
— Lusa/AO Online
Numa
conferência de imprensa em Nova Iorque, acompanhada pela Lusa, Guterres
avaliou que os riscos de uma nova Guerra Mundial são hoje maiores
devido à sensação de impunidade que muitos países e milícias gozam. Mas
"estamos perfeitamente a tempo de evitar entrar na Terceira Guerra
Mundial", disse."O que estamos a
testemunhar é uma multiplicação de conflitos e da sensação de
impunidade. (...) Quero dizer, qualquer país ou qualquer entidade
militar, milícias, seja o que for, sentem que podem fazer o que
quiserem, porque nada lhes acontecerá", criticou.O
ex-primeiro ministro recordou que, ao contrário do período da Guerra
Fria, em "que havia algumas proteções e normas", e "quando as coisas
saíam do controlo, as superpotências uniam-se e resolviam o problema",
atualmente "isso já não existe", lamentando a falta de resolução
de problemas no terreno e o "enorme nível de impunidade"."Estou
muito mais preocupado com o impacto dramático na vida de civis,
mulheres, crianças, idosos - de todos os lugares, desde o Sudão, a
Myanmar e Gaza -, do que com o risco de uma Terceira Guerra Mundial, que
ainda acredito que temos todas as condições de evitar", acrescentou.O
ex-primeiro-ministro português fez hoje, perante a imprensa, uma
antevisão da 79.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas (UNGA79) e da
Cimeira do Futuro, que arrancam na próxima semana em Nova Iorque, e
pediu aos Estados-Membros "que aproveitem esta oportunidade" para tornar
as instituições globais mais legítimas, eficazes e adequadas "para o
mundo de hoje e de amanhã"."Não podemos
saber precisamente o que o futuro nos reserva. Mas não precisamos de uma
bola de cristal para ver que os desafios do século XXI exigem
mecanismos de resolução de problemas mais eficazes, em rede e
inclusivos. (...) A mudança não acontecerá da noite para o dia. Mas pode
começar hoje. (...) Seria trágico se tudo isso fosse perdido", afirmou.Encontram-se
nos estágios finais de negociação os três acordos a serem adotados na
Cimeira do Futuro: o Pacto para o Futuro, o Pacto Digital Global e a
Declaração sobre Gerações Futuras.Guterres lançou
em 2021 a ideia desta Cimeira, que decorrerá à margem da semana de alto
nível da Assembleia-Geral da ONU e que estará focada na necessidade
inadiável de uma maior cooperação internacional para enfrentar desafios
urgentes como mudanças climáticas, pobreza e desigualdade, ao mesmo
tempo em que o mundo se debate com os impactos de conflitos e crises
globais de saúde. No domingo e na
segunda-feira, a Cimeira do Futuro receberá chefes de Estado e de
Governo de todo o mundo, que deverão adotar o "Pacto para o Futuro", um
documento orientado para a ação que visa reforçar a cooperação global
e uma melhor adaptação aos desafios atuais para o benefício da população
e das gerações futuras.Embora prossigam
intensas negociações, a última versão do texto publicada no final de
agosto é descrita por muitos observadores como desprovida de ambição.Guterres
indicou hoje que, embora não possa fornecer detalhes sobre as
negociações, estão a ser registados potenciais avanços em várias frentes
importantes, como a "linguagem mais forte sobre a reforma do Conselho
de Segurança numa geração — e o passo mais concreto em direção à
ampliação do Conselho desde 1963".