Há riscos para a liquidez das empresas europeias no final do ano
Covid-19
21 de out. de 2020, 12:18
— Lusa/AO Online
"O
choque da covid-19 pode resultar em escassez de liquidez e ações no
setor empresarial europeu no final de 2020", pode ler-se no documento
hoje divulgado.No entanto, a instituição
aponta que, se as medidas de política anunciadas pelos países para
apoiar a economia forem totalmente implementadas, isso poderá "reduzir
significativamente os riscos de liquidez"."Nas
economias avançadas [como Portugal], em particular, as medidas de
política anunciadas podem potencialmente reduzir a escassez de liquidez
associada à covid-19 em quatro quintos, em média. Nos mercados
emergentes, as simulações revelam que a escassez de liquidez permanece
significativa", de acordo com o documento.O
FMI alerta que a pandemia de covid-19 "pode pôr em risco os empregos em
empresas insolventes totalizando mais de 8% da força de trabalho" na
Europa, e 8% das empresas (quase três milhões) "que eram solventes antes
da covid-19 tornar-se-iam insolventes mesmo que todas as medidas de
política disponíveis fossem implementadas".A
instituição sediada em Washington aponta para uma contração de 7% do
Produto Interno Bruto (PIB) de todo o continente europeu em 2020, e
defende que há razões para "continuar com as várias políticas que
subsidiam o emprego"."Estima-se que esses
programas tenham chegado a cerca de 54 milhões de empregos, e reduzir a
sua escala de forma prematura poderia levar a uma onda de falências e
sofrimento social generalizado", pode ler-se no documento.O
FMI defende que, "com o tempo, o apoio terá de ir passando para as
pessoas e para os bens públicos, para fomentar transformações
estruturais e a necessária reafetação de recursos para fora de
atividades de elevado contacto".Como
principais riscos, a instituição liderada por Kristalina Georgieva
aponta a necessidade de maior distanciamento físico e novas ondas de
infeção, mas em termos macroeconómicos teme "contágios vindos de uma
fraca procura mundial", que gerariam "um golpe forte para as economias
europeias orientadas para a exportação".O
FMI refere ainda potenciais vulnerabilidades nos mercados de capitais e
ainda o processo de saída do Reino Unido da União Europeia (conhecido
como 'Brexit'), cujo período de transição termina no final do ano,
permanecendo "sem progresso significativo nas negociações" entre as
partes para a existência de um acordo comercial.Pelo
contrário, o aparecimento rápido de uma vacina para a covid-19 ou
melhoria das terapias poderia "acelerar a reabertura" das economias, mas
também o impacto das medidas de política adotadas para fazer face à
pandemia pode "tornar-se mais forte que o projetado".O
FMI conclui ainda que a reabertura da economia efetuada ao longo do
ano, depois dos confinamentos no continente europeu, "levou a uma muito
necessária recuperação da atividade económica, mas com o custo de uma
subida das infeções já em curso no mês de agosto".Ainda
assim, "o indesejado aumento de casos de covid-19 logo após a fase de
reabertura parece menos severo em termos de fatalidades face ao que foi
sugerido em anteriores estudos sobre confinamentos".As
conclusões do FMI sugerem que há "algum mérito em reabrir [a economia]
gradualmente e começar num estádio mais tardio no ciclo infeccioso"."Certamente
que o sucesso geral ao lidar com a pandemia à medida que as economias
reabrem vai depender não só dos princípios gerais em termos de tempo e
ritmo das medidas, mas também, crucialmente, do comportamento coletivo
da população", segundo o FMI.