Guterres tem servido de “forma exemplar” valores das Nações Unidas
24 de fev. de 2021, 15:38
— Lusa/AO Online
“Ao longo
dos últimos cinco anos, o secretário-geral das Nações Unidas, António
Guterres, serviu de uma forma exemplar as Nações Unidas, a sua Carta, os
seus valores. Encheu seguramente Portugal de orgulho, mas, sobretudo,
devolveu força a valores fundamentais que o Humanismo que inspirou a
Carta das Nações Unidas precisa de ver devidamente promovidos e
defendidos”, afirmou António Costa, ao formalizar em Lisboa a
proposta do nome do ex-primeiro-ministro português para um segundo
mandato na liderança da ONU.Numa breve
cerimónia na residência oficial, em São Bento, António Costa assinou a
carta a formalizar a proposta do executivo português, documento
endereçado ao presidente da Assembleia-Geral da ONU, o diplomata turco
Volkan Bozkir, e à presidência do Conselho de Segurança, este mês
assegurada pelo Reino Unido.“Foram cinco
anos particularmente difíceis onde no mundo se travou um grande debate
entre o regresso ao nacionalismo, ao isolamento ou a defesa do
multilateralismo”, prosseguiu o chefe do Governo português, enumerando
ainda outros grandes desafios da atualidade, como a pandemia da doença
covid-19, o combate às alterações climáticas, a proteção dos oceanos e a
promoção da paz e dos direitos humanos à escala global.“Contudo,
a liderança firme de António Guterres permitiu que passados estes cinco
anos haja um novo espírito e uma nova vontade de reforçar as instâncias
multilaterais”, afirmou António Costa, especificando que durante o
último ano o mundo, confrontado com uma “dolorosa experiência”, teve a
perceção que “os grandes desafios globais exigem sempre respostas
globais”.“Cada vez mais são fundamentais
as organizações multilaterais, aquelas que permitem a junção de esforços
entre todos para a promoção do bem e das causas comuns”, defendeu
António Costa, realçando o “papel central e indispensável” que as Nações
Unidas desempenham neste sistema de organizações multilaterais.Ainda
na declaração feita aos jornalistas, sem direito a perguntas, o
primeiro-ministro português manifestou “muita confiança” na avaliação
que os Estados-membros da ONU farão do atual mandato de Guterres e das
qualidades deste para o desempenho de um novo mandato.“Creio
(…) que este é o momento de esperança para o conjunto da Humanidade
poder contar com a liderança de António Guterres à frente das Nações
Unidas. (…) Para Portugal é seguramente um orgulho poder continuar a
contar com um dos seus numa função tão distinta à escala global”,
concluiu António Costa.Na carta
assinada, Portugal lembra ainda que Guterres lançou um processo de
reforma para tornar a organização "mais ágil e eficiente no cumprimento
dos objetivos" e promoveu a igualdade de género, um aspeto que "tem
constituído um pilar" no seu atual mandato. O
mandato de cinco anos de Guterres, que assumiu o cargo de
secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em janeiro de
2017, termina no final deste ano, a 31 de dezembro.Aclamado
pelos 193 Estados-membros da Assembleia-Geral da ONU para o cargo de
secretário-geral em 13 de outubro de 2016, António Guterres anunciou, em
janeiro último, a sua disponibilidade para cumprir um segundo mandato
de cinco anos no período de 2022-2026. As
Nações Unidas deram início este mês ao processo formal de seleção do
próximo secretário-geral da organização, ao pedirem aos 193
Estados-membros que submetessem os nomes de candidatos ao cargo.O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, já endossou António Guterres para um segundo mandato.A Alemanha também já tornou público o seu apoio ao atual secretário-geral da ONU.Em
75 anos de vida das Nações Unidas, apenas o egípcio Boutros
Boutros-Ghali (secretário-geral da ONU entre janeiro de 1992 e dezembro
de 1996) não foi reconduzido no cargo.