Guterres quer aumentar eficiência e reduzir custos da ONU a partir de 2026
15 de out. de 2025, 17:25
— Lusa/AO Online
António
Guterres, que está a apresentar o projeto de reforma da organização,
alertou para as operações humanitárias estarem “à beira do colapso”, já
que há mais necessidades, mas menos financiamento.“Identificámos
melhorias de eficiência e reduções de custos direcionadas de mais de
15% na proposta de orçamento regular para 2026, e [cortes de] cerca de
19% nos postos [de trabalho] em comparação com os níveis aprovados para
2025”, afirmou.“Estas decisões não foram
tomadas de ânimo leve, foram calibradas para manter o equilíbrio entre
os três pilares do nosso trabalho – paz e segurança, direitos humanos e
desenvolvimento sustentável”, sublinhou, garantindo querer reforçar o
apoio aos países em desenvolvimento e manter o impulso para a Agenda
2030.Em termos de ajuda humanitária, o
responsável adiantou querer adotar “um Novo Pacto Humanitário” para
diminuir custos e aumentar a rapidez de entregas.Com
este pacto, a ONU pretende reduzir a burocracia de coordenação,
“simplificando os planos, as reuniões e as estruturas de resposta
humanitária”.A proposta implica que as
principais agências humanitárias tenham cadeias de abastecimento
integradas para permitir “compras mais económicas, frete partilhado e
logística partilhada a nível global e nacional”, explicou o antigo
primeiro-ministro português.Além disso,
será alargada “a utilização de serviços comuns – desde escritórios a
frotas e segurança” e reforçada a capacidade de avançar “dados para
ações mais rápidas, precoces, direcionadas e dignas”.O
objetivo é também alinhar “as responsabilidades para reduzir as
sobreposições programáticas nas áreas da alimentação, mobilidade, dados
dos beneficiários, saúde e nutrição”, apontou Guterres.O
secretário-geral disse pretender ainda reconfigurar as equipas da ONU e
fundir algumas das agências para evitar o “labirinto de pontos de
entrada e, por vezes, de iniciativas concorrentes” quando os governos
pedem ajuda.Na calha está a fusão do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com o
Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS), “para
criar um motor mais forte para o desenvolvimento sustentável, com maior
alcance e escala”, e do Fundo de População das Nações Unidas (FNUAP) com
a ONU Mulheres, para proporcionar “uma voz unificada e mais poderosa
sobre a igualdade de género e os direitos das mulheres e raparigas”,
avançou.Por outro lado, deverão ser
reagrupadas algumas comissões regionais e reconfiguradas as equipas
nacionais para que sejam “mais enxutas e impactantes”.Guterres
propôs ainda criar um Grupo de Direitos Humanos, composto por entidades
de todo o sistema da ONU, para melhorar a coordenação e garantir que as
questões de direitos humanos sejam “sistematicamente integradas em
todas as políticas e atividades da ONU”.“Todo o sistema deve funcionar como um só”, resumiu.O
secretário-geral da ONU vai agora receber propostas e opiniões sobre
este projeto da parte dos Estados-membros da ONU e, depois, estabelecer
uma equipa dedicada à implementação da reforma da organização
internacional, a chamada ONU80.“Ainda este
mês, pretendo apresentar um plano de ação da ONU80 ao Conselho
Executivo do Sistema ONU para garantir o pleno envolvimento de toda a
família das Nações Unidas”, disse.