Guterres homenageia 188 funcionários da ONU mortos em 2023 e exige responsabilização
6 de jun. de 2024, 16:12
— Lusa/AO Online
No memorial anual para homenagear
todos os funcionários das Nações Unidas que perderam a vida “ao serviço
da paz”, e na presença de familiares dessas vítimas, Guterres frisou que
do total de 188 trabalhadores mortos, 135 eram mulheres e homens que
trabalhavam para a Agência para os Refugiados da Palestina (UNRWA) e que
foram mortos pelas operações israelitas contra o Hamas em Gaza."Este
é, de longe, o número mais elevado do nosso pessoal morto num único
conflito ou catástrofe natural desde a criação das Nações Unidas – uma
realidade que nunca poderemos aceitar", defendeu.O
secretário-geral recordou as circunstâncias em torno dessas mortes,
sublinhando que alguns foram mortos com as suas famílias em
bombardeamentos contra as suas casas e que outros estavam a trabalhar em
escritórios ou em abrigos quando foram atingidos."Repito
o meu apelo a uma prestação de contas completa de cada uma destas
mortes. Devemos isso aos seus familiares e amigos, aos seus colegas e ao
mundo", afirmou."O nosso pessoal da UNRWA
viveu e morreu como representantes da comunidade internacional em Gaza,
e essa comunidade merece uma explicação", insistiu Guterres.O
ex-primeiro-ministro português explicou que o protocolo da ONU dita que
seja dado o consentimento dos familiares para a inclusão dos nomes das
vítimas no serviço de memorial.Contudo, não
foi possível contactar muitos dos familiares dos trabalhadores da
UNRWA, "porque foram mortos ou forçados a abandonar as suas casas por
operações militares israelitas", disse.Entre
os mortos em Gaza estão professores, motoristas, médicos, sanitaristas,
vigilantes, farmacêuticos, auxiliares administrativos, entre outros."Eles
eram mães, pais, filhos, filhas, maridos, esposas. Eles eram nossos
colegas. Eles eram nossos amigos. Pessoalmente, estou devastado porque,
apesar dos nossos melhores esforços, não conseguimos proteger o nosso
pessoal em Gaza", lamentou.O pessoal das
Nações Unidas que perdeu a vida em 2023 era proveniente de um total de
37 países e de 18 entidades diferentes das Nações Unidas, e inclui
militares, polícias e civis."Eles eram a
personificação das Nações Unidas. Eles eram o multilateralismo em ação. E
eles fizeram o sacrifício final por essa causa", assinalou.Numa
cerimónia em que se fez um minuto de silêncio pelas vítimas, o líder da
ONU frisou que, num mundo dividido como o de hoje, os valores das
Nações Unidas são mais importantes do que nunca."Apesar
das nossas diferenças, todos devemos concordar que aqueles que servem
estes valores sob a bandeira da ONU têm direito à proteção", apelou.António
Guterres prometeu que a organização fará o seu melhor para fornecer
apoio adequado aos familiares sobreviventes, que irá rever e melhorar os
padrões de segurança e que manterá vivas as memórias dos que perderam a
vida.