Guterres defende solução de dois Estados no Dia de Solidariedade com Povo Palestiniano
Israel
29 de nov. de 2023, 13:24
— Lusa/AO Online
A mensagem de
António Guterres surge no Dia Internacional de Solidariedade com o Povo
Palestiniano, hoje assinalado, e na qual o líder da ONU refere que a
data deve reafirmar a solidariedade internacional para com os
palestinianos.Segundo o secretário-geral
das Nações Unidas, a resolução do conflito em curso entre Israel e o
grupo islamita palestiniano Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde
2007, “deve começar com um cessar-fogo humanitário de longo prazo,
acesso irrestrito à ajuda, libertação de todos os reféns, proteção de
civis e o fim das violações do direito humanitário internacional”.Mas
a resolução deste conflito, mas também do clima de tensão vivido no
Médio Oriente, deve ir além disto, segundo afirmou o
ex-primeiro-ministro português.“Já está
mais do que na altura de avançar de forma determinada e irreversível
para uma solução de dois Estados”, disse Guterres, citado na página
‘online’ do serviço ONU News.O acordo,
alegou, deve ter como base as resoluções das Nações Unidas e o Direito
Internacional, e permitir que “Israel e Palestina vivam lado a lado em
paz e segurança, com Jerusalém como capital de ambos os Estados”.Sublinhando
que a data hoje assinalada acontece “durante um dos capítulos mais
sombrios da história do povo palestiniano”, Guterres lembrou que quase
1,7 milhões de pessoas foram obrigadas a deixar as suas casas e que a
situação na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, também
“corre o risco de explodir”.O líder da ONU
voltou a expressar condolências aos milhares de famílias que estão de
luto, incluindo aos familiares dos funcionários das Nações Unidas mortos
em Gaza, naquela que foi a maior perda de pessoal da história da
organização, e reiterou a condenação aos ataques terroristas do Hamas de
07 de outubro.No entanto, frisou, os atos do Hamas não podem justificar o “castigo coletivo do povo palestiniano”.As
Nações Unidas, garantiu ainda Guterres, reafirmam o compromisso para
com o povo palestiniano de defender “os seus direitos inalienáveis e
construir um futuro de paz, justiça, segurança e dignidade para todos”.Recentemente,
Guterres foi alvo de fortes críticas por parte de Israel após ter
afirmado que o ataque do Hamas de 07 de outubro “não aconteceu do nada” e
que o povo palestiniano "foi submetido a 56 anos de ocupação
sufocante".O Dia Internacional de
Solidariedade com o Povo Palestiniano é celebrado desde 1977, na
sequência da resolução 181ª. sobre a Partilha da Palestina, adotada pela
Assembleia-Geral da ONU em 1947.A data
será assinalada nos complexos da ONU em Genebra, Nairobi, Viena e Nova
Iorque, sendo que nesta última cidade (na qual fica localizada a sede da
organização) a organização da comemoração estará a cabo do Comité das
Nações Unidas para o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo
Palestiniano e da Divisão de Direitos Palestinianos do Departamento de
Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz.Além
disso, será lançada uma exposição designada “Palestina: Uma Terra com
um Povo”, que conta a história palestiniana antes, durante e depois da
‘Nakba’, palavra árabe que designa o êxodo palestiniano de 1948, quando a
crise teve início.A exposição retrata, de
acordo com a ONU, “experiências de deslocamento e desapropriação, de
esperança de alcançar justiça e aspirações de vida em liberdade,
estabilidade, dignidade e paz na terra natal”.A
atual guerra começou em 07 de outubro, quando o grupo islamita Hamas
atacou de surpresa Israel, matando mais de 1.200 pessoas, segundo as
autoridades israelitas. O grupo islamita palestiniano fez também mais de
200 reféns.Em retaliação, Israel declarou
guerra ao Hamas e passou a bombardear diariamente a Faixa de Gaza, além
de bloquear a entrada de bens essenciais como água, combustível e
medicamentos.Com a mediação dos Estados
Unidos, Qatar e Egito, as duas partes acordaram fazer uma trégua no
conflito para permitir acesso a ajuda humanitária e troca de reféns e
prisioneiros, que começou na sexta-feira e termina oficialmente hoje,
após ter sido prolongada por mais dois dias. Até
ao início da trégua, os ataques do exército israelita na Faixa de Gaza
tinham matado mais de 14 mil pessoas, segundo o Hamas.