Guterres apela a uma UE cada vez mais unida num mundo cada vez mais perigoso
16 de mai. de 2018, 14:11
— Lusa/AO online
Numa
conferência de imprensa conjunta com o presidente da Comissão Europeia,
Jean-Claude Juncker, após ter sido convidado da reunião do colégio do
executivo comunitário, António Guterres começou por sublinhar a
“cooperação exemplar entre a UE e as Nações Unidas”, que deseja cada vez
mais intensa e frutuosa, para fazer face às crescentes ameaças
mundiais.“Temos
a guerra fria de volta, com uma diferença: não há hoje os mecanismos
que existiam na guerra fria anterior, de diálogo, de contactos, de
controlo, para garantir que as coisas não fugiam de controlo devido a um
qualquer incidente”, declarou o secretário-geral da Organização das
Nações Unidas.Apontando
a multiplicação de conflitos, o terrorismo, as alterações climáticas e
os efeitos perversos da globalização entre as ameaças de hoje, Guterres
comentou que, “neste mundo perigoso, é absolutamente essencial preservar
duas coisas: as instituições de governação multilateral e o respeito
pelo Estado de Direito nas relações internacionais”.“E
para tal ser possível, e sabemos as dificuldades que enfrentamos, o
papel da Europa, o papel da União Europeia é absolutamente essencial.
Por isso, o meu apelo aqui em Bruxelas é o seguinte: que a UE seja cada
vez mais unida, cada vez mais efetiva, cada vez mais presente, e que a
sua voz seja cada vez mais ouvida nas relações internacionais enquanto
um pilar central do multilateralismo”, disse.Guterres
manifestou-se “muito grato pelo excelente apoio político e financeiro
(da UE) às operações da ONU por todo o mundo e ao processo de reformas
em curso”, e referiu-se em concreto à questão do nuclear iraniano,
afirmando que tem a agradecer ao presidente da Comissão e à Alta
Representante da UE para a Política Externa, Federica Mogherini, “as
medidas em preparação por parte da União” para conseguir preservar o
acordo nuclear do qual os Estados Unidos se retiraram, e das quais foi
informado durante o encontro de hoje em Bruxelas.“Só posso fazer votos para que essas medidas tenham sucesso”, disse.Questionado
sobre o teor das medidas, nomeadamente ao nível da proteção das
empresas europeias, Jean-Claude Juncker escusou-se a aprofundar o tema,
já que o mesmo vai ser discutido hoje à noite num jantar informal de
líderes da União Europeia, em Sófia, no qual Portugal estará
representado pelo primeiro-ministro, António Costa.Juncker reafirmou todavia o firme empenho da UE em “manter vivo o acordo concluído entre os diferentes parceiros e o Irão”. “Não
o queremos vê-lo em chamas porque o consideramos de uma importância
primordial para a paz na região e para a paz mundial. Pensamos que pôr
um fim ao acordo ameaça gravemente a paz e segurança. Gostava que esta
noite acordássemos uma atitude comum e uma abordagem comum na nossa
relação”, disse.