Guterres apela a "prioridade máxima" na preservação da estabilidade

Líbia

11 de fev. de 2022, 17:04 — Lusa/AO Online

O português recordou “a todas as instituições o objetivo primordial de realizar eleições nacionais o mais rapidamente possível para garantir o respeito pela vontade política dos 2,8 milhões de cidadãos líbios que se inscreveram para votar”, pode ler-se no comunicado.O chefe da ONU “toma nota” da votação de quinta-feira sobre uma emenda constitucional que prepara o caminho para uma revisão do projeto de Constituição de 2017 e para o processo eleitoral, e da votação que designou um novo primeiro-ministro, segundo a declaração emitida pelo seu porta-voz.Guterres “apela a todas as partes e instituições para continuarem a assegurar que estas decisões cruciais sejam tomadas de forma transparente e consensual”, acrescenta o comunicado.A declaração do responsável da ONU não mencionava os nomes do primeiro-ministro interino Abdelhamid Dbeibah ou do novo primeiro-ministro nomeado na quinta-feira, Fathi Bachagha.No entanto, Guterres não repetiu aquilo que o seu porta-voz havia dito na quinta-feira, nomeadamente que a ONU continuaria a apoiar Dbeibah como primeiro-ministro interino encarregado dos assuntos na Líbia.Num aparente golpe de força constitucional da fação concentrada no leste do país contra os dirigentes de Tripoli, no oeste, o parlamento sediado em Tobruk designou o influente ex-ministro do Interior Fathi Bachagha para substituir Abdelhamid Dbeibah na liderança do Executivo de transição.A Líbia mergulhou no caos depois da queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011.Após anos de conflito armado e divisões entre o leste e o oeste, o governo de Dbeibah foi criado há um ano, sob a égide das Nações Unidas, para liderar a transição até uma dupla eleição presidencial e legislativa, marcada inicialmente para 24 de dezembro.As eleições deveriam ser o culminar da prolongada transição pós-Kadhafi, mas foram adiadas num cenário de desacordos entre as potências do leste, personificadas pelo parlamento e o pelo marechal Khalifa Haftar, e as do oeste, centradas no governo de Dbeibah e no Alto Conselho do Estado, que atua como um Senado.O parlamento, sediado em Tobruk, considera que o mandato do Executivo expirou com o adiamento das eleições, mas o governo assegura que a sua missão deve durar até à nomeação de um governo que saia das urnas.Na quinta-feira, Abdelhamid Dbeibah sofreu uma tentativa de assassínio quando estava no interior de um veículo a caminho de casa, em Tripoli, revelou uma fonte próxima do político ao jornal The Libya Observer.De acordo com a fonte, que preferiu não ser identificada, Dbeibah, que viajava no veículo como passageiro, escapou ileso do ataque e os agressores fugiram após terem efetuado vários disparos contra a janela do carro.A Procuradoria-Geral líbia anunciou, entretanto, a abertura de uma investigação para esclarecer o caso.