Gulbenkian lança ferramenta para medir impactos de políticas no futuro
22 de jul. de 2021, 11:32
— Lusa/AO Online
Segundo
informação divulgada pela instituição, pretende-se com a iniciativa
ajudar os decisores a considerarem todos os fatores quando adotam uma
determinada política e se ela é benéfica a curto prazo e ao mesmo tempo
não prejudica gerações que ainda nem nasceram.A
ferramenta estará disponível para todos, de políticos a institutos
públicos, de universidades a organizações não governamentais. Mas a
Gulbenkian avisa que quem não trabalha diretamente com políticas
públicas precisará de formação para usar a ferramenta, estando previstas
para setembro sessões de formação para todos os interessados.A
ferramenta surge no âmbito do projeto dedicado à Justiça
Intergeracional que a Fundação está a desenvolver, focado nos direitos
das pessoas que ainda não nasceram, e é feito em parceria com a School
of International Futures (uma organização britânica). Luís
Xavier, que coordena o projeto Justiça Intergeracional, explicou à Lusa
que a ferramenta é adaptável e que pode ser mais ou menos abrangente
consoante as necessidades, e que “torna mais claras as decisões”.“É
quase como um manual de boas práticas”, disse, acrescentando considerar
importante criar algo que permitisse perceber o impacto hoje e no
futuro de uma determinada decisão.A
ferramenta “mais do que tudo faz perguntas, ajuda a fazer as perguntas
certas em relação a leis, ajuda quem quer fazer uma lei justa para todas
as gerações”.E depois, acrescentou, vai
também ajudar as entidades que têm a função de analisar as leis, mesmo
organizações ambientalistas, mesmo órgãos de comunicação social.Luís
Xavier explicou ainda que a ferramenta pode ser aplicada a uma lei que
está para ser discutida/adotada mas também a uma lei que já exista.“Será
que determinada lei vai restringir o campo de opções de gerações
futuras? Se aumentarmos agora muito a dívida pública as próximas
gerações não terão menos opções?”, questionou.O
responsável do projeto acrescentou que os discursos sobre temas como
ambiente, pensões ou dívida pública são muito centrados no hoje, e que a
ferramenta é uma forma de criar “uma pressão positiva nos decisores
políticos” para que tenham boas políticas, com impactos a longo prazo.A
ferramenta, Metodologia de Avaliação do Impacto Intergeracional das
Políticas Públicas, tem cinco etapas, aplicáveis a qualquer tipo de
política ou decisão estratégica, e a avaliação termina com um relatório
que inclui as principais conclusões e recomendações para os decisores e
uma classificação global da política, explica a Fundação Gulbenkian num
comunicado.Permite também, acrescenta,
testar várias hipóteses e diferentes cenários, “sempre no princípio de
que uma política é justa quando permite responder às necessidades das
gerações presentes sem comprometer a capacidade de as gerações futuras
satisfazerem as suas próprias necessidades”.A
ferramenta, assegura a Gulbenkian, baseia-se nas melhores e mais
recentes práticas, gestão de risco e prospetiva estratégica, e foi
inspirada em experiências internacionais bem-sucedidas de países como o
Japão, Singapura, País de Gales e França.A
metodologia, desenvolvida nos últimos dois anos, foi testada e revista
por especialistas de instituições nacionais e internacionais, como o
Banco de Portugal, Conselho de Finanças Públicas, Tribunal de Contas,
OCDE, Comissão Europeia, ou Nações Unidas.