Guerra já levou 4,21 milhões de ucranianos a fugir do país
Ucrânia
4 de abr. de 2022, 15:02
— Lusa/AO Online
Os
novos dados representam um aumento de quase 40.000 pessoas em relação
ao número apresentado no domingo pelo alto-comissário para os
Refugiados, Filippo Grandi.Cerca de 90%
dos que fugiram da Ucrânia – num afluxo que a Europa não registava desde
a II Guerra Mundial - são mulheres e crianças, já que as autoridades
ucranianas não permitem a saída de homens em idade militar.Segundo
a Organização Internacional para as Migrações, cerca de 205.500
não-ucranianos também fugiram do país devido à guerra com a Rússia, mas
estes refugiados encontraram, muitas vezes, dificuldades em regressar ao
seu país de origem.A ONU estima ainda que o número de pessoas deslocadas internamente na Ucrânia ronde os 6,5 milhões.No
total, a organização contabiliza mais de 10 milhões de pessoas – ou
seja, mais de um quarto da população – fugidas de suas casas, entre as
que atravessaram a fronteira para encontrar refúgio em países vizinhos e
as que viajaram para outras regiões do país.A
Polónia continua a ser o primeiro país de destino dos ucranianos,
abrigando mais da metade de todos os refugiados que deixaram a Ucrânia
desde o início da invasão russa. Desde 24
de fevereiro, 2.451.342 ucranianos, ou seja, seis em cada 10 refugiados,
entraram na Polónia, segundo o ACNUR, sendo que, de acordo com a
Unicef, metade são crianças.Deste total, e
segundo o vice-ministro do Interior polaco, 1,5 milhões permanecem no
país e 600.000 já obtiveram o número de identificação nacional para
poderem aceder a serviços públicos como o de saúde ou obter um número de
telefone ou conta bancária.A Roménia é o
segundo país para onde fogem mais ucranianos, tendo a agência de
refugiados da ONU contabilizado 643.058 entradas até ao final de
domingo, enquanto a Moldova, um pequeno país de 2,6 milhões de
habitantes, recebeu 394.740 pessoas.O
elevado número de entradas relativamente à população total da Moldova
levou a Comissão Europeia a incentivar os refugiados ucranianos a
continuar a viagem para se estabelecerem num país da União Europeia mais
capaz de arcar com os encargos financeiros.O
Programa Alimentar Mundial começou por seu lado a distribuir
assistência financeira às famílias que recebem refugiados naquele que é
um dos países mais pobres da Europa.A
contabilização feita pelo ACNUR até final de domingo indica ainda que a
Hungria recebeu 390.302 ucranianos e a Eslováquia 301.405 pessoas.A
Rússia foi o destino de quase 350.632 (até 29 de março, o último dia
com dados disponíveis neste país), tendo o ACNUR acrescentado que, entre
21 e 23 de fevereiro, 113.000 pessoas cruzaram os territórios
separatistas pró-russos de Donetsk e Lugansk (leste da Ucrânia) para a
Rússia.A Bielorrússia acolheu 15.281 pessoas.Antes
deste conflito, a Ucrânia era povoada por mais de 37 milhões de pessoas
nos territórios controlados por Kiev - que, portanto, não incluem a
Crimeia (sul), anexada em 2014 pela Rússia, nem as áreas separatistas
pró-russas do leste.Segundo a Unicef, mais da metade das 7,5 milhões de crianças do país estão deslocadas internamente ou refugiadas.