Guerra foi chamada de atenção para UE e motivou medidas supersónicas

29 de mar. de 2022, 17:59 — Lusa/AO online

“Estávamos muito ocupados a preparar a transição ‘verde’, a preparar a revolução digital e a preparar a coesão social das nossas sociedades e a recuperação após a pandemia e, de repente, a guerra surgiu não muito longe e isto foi certamente uma chamada de atenção para os europeus”, defendeu Josep Borrell.Falando num debate sobre “o nascimento da Europa geopolítica” com a guerra da Ucrânia, promovido pelo grupo de reflexão Conselho Europeu de Relações Externas (European Council on Foreign Relations – ECFR), em Bruxelas, o chefe da diplomacia da UE apontou que “já foi feito muito” para responder à ofensiva russa, num “ritmo que tem sido supersónico de implementação de decisões e de medidas”.Ainda assim, “certamente não é suficiente” e, por isso, esta resposta europeia “não pode só surgir após chamadas de atenção, tem de ser o normal”, defendeu Josep Borrell.Para o Alto Representante da UE para a Política Externa, o bloco comunitário “tem de ser um poder superior”, em termos de infraestruturas militares, mas também de preparação para ultrapassar “questões de coerção” relacionadas com terceiros, como a Rússia, face à dependência energética.“A tarefa mais importante é ultrapassar a nossa fraqueza de segurança, eliminar a nossa dependência energética e adaptar as nossas instituições ao necessário para sermos um verdadeiro poder e isto tem de ser o normal, não pode ser um despertar, temos de estar permanentemente neste barco”, elencou Josep Borrell.O chefe da diplomacia europeia vincou ainda que a UE tem de “estar muito consciente da sua vontade do ponto de vista da segurança e defesa e aumentar as suas capacidades de segurança e defesa, tanto ao nível dos Estados-membros, como ao nível da União Europeia e da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte]”.A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.179 civis, incluindo 104 crianças, e feriu 1.860, entre os quais 134 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 3,9 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.