Guardas prisionais ameaçam aderir a greve geral caso Governo ignore reivindicações
Hoje 12:04
— Lusa/AO Online
“Temos
uma reunião com o grupo parlamentar do PSD na quinta-feira e, caso nada
mude, iremos juntar-nos à greve”, revelou à Lusa o presidente do
Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Frederico Morais,
referindo-se à greve geral de 11 de dezembro.Uma
das reivindicações dos guardas passa pelo reforço da segurança nas
cadeias. Frederico Morais disse que "nada mudou" desde a fuga de cinco
reclusos da cadeia de Vale de Judeus, em setembro do ano passado.“Passados
um ano e três meses da fuga, não vimos nenhuma medida de reforço de
segurança nas cadeias. Só obras para melhorar as condições dos
reclusos”, criticou.Em Vale Judeus, por
exemplo, as obras para tapar os pátios com rede "continuam por fazer" e
“ainda não começaram a ser construídas" as torres de vigilância, disse.Frederico
Morais lembrou também que ainda não estão ativos os prometidos
inibidores de sinal de telemóvel e drone, cuja colocação foi aprovada no
ano passado no parlamento para estarem a funcionar em todas as cadeias
do país em 2025.O sindicalista explicou
que, sem este sistema, os reclusos podem manter as suas atividades
criminosas dentro das cadeias e as fugas ficam facilitadas: “Quando
estão em fuga, estão ao telefone com pessoas lá de fora”.As
denúncias do sindicado vão no mesmo sentido das conclusões da auditoria
pedida pela ministra às condições de segurança das prisões portuguesas,
que confirmou problemas como torres de vigia inoperacionais ou a falta
de guardas prisionais.Frederico Morais
sublinhou que as prisões estão sobrelotadas e faltam profissionais: “Já
passámos os 13 mil reclusos, ou seja, há mil reclusos a mais” e “há
3.890 guardas prisionais, quando deveríamos ser 5.500”.“A
falta de guardas é gritante”, alertou, criticando o aumento de
atividades oferecidas aos presos, como “aula de ioga, ballet ou canto”,
que o sindicalista não vê como necessária perante a falta de
funcionários.“Cada ala tem cerca de 250
reclusos e não podemos deixar um guarda sozinho no meio destes
reclusos”, disse, defendendo que perante a atual situação se
deveria limitar as saídas dos presos ao exterior.Os
guardas admitem juntar-se à greve geral de 11 de dezembro também em
protesto contra uma decisão do Ministério das Finanças que bloqueou a
promoção na carreira para profissionais com mais de 20 anos de serviço.Em
causa estão as vagas para um concurso que está a decorrer e que deveria
permitir a promoção de 387 guardas prisionais, “mas o Ministério das
Finanças só permitiu que fossem 200, deixando 187 de fora”, criticou
Frederico Morais, explicando que esta promoção significa um aumento
salarial de cerca de 100 euros.“Nós não temos chatice nenhuma com o ministério da Justiça. O nosso problema é com as Finanças", sublinhou.