Grupos de cidadãos vão poder apresentar iniciativas legislativas nos Açores
21 de abr. de 2023, 17:12
— Lusa
“É uma iniciativa
com grande significado democrático, por que permite abrir aos cidadãos a
possibilidade de também eles, através de uma iniciativa legislativa,
contribuírem para a nossa democracia”, justificou Pedro Pinto, deputado
do CDS-PP, durante a apresentação da proposta, na sede do parlamento, na
cidade da Horta.O projeto de decreto
regional em causa, proposto pela Comissão Eventual para o Aprofundamento
da Autonomia, regula os termos e condições em que os grupos de cidadãos
eleitores podem exercer o direito de iniciativa legislativa junto da
Assembleia Regional, algo que já estava previsto no Estatuto
Político-Administrativo da Região, mas que não tinha sido ainda
regulamentado.«É, de facto, um passo
significativo, não só no aprofundamento da autonomia, mas também no
estreitamento da relação entre eleitos e eleitores, e reforçando também a
participação cívica dos cidadãos”, realçou Berto Messias, deputado da
bancada do PS.Também Flávio Soares,
deputado do PSD, enalteceu as vantagens desta medida, realçando que a
iniciativa legislativa cidadã, “é talvez a mais importante da democracia
participativa, permitindo que os cidadãos tenham uma voz ativa no
contributo para o desenvolvimento da região”.Posição
semelhante manifestou também Paulo Estêvão, deputado do PPM, lembrando
que esta abertura do parlamento à sociedade civil não deve ser vista
como uma diminuição das competências do próprio parlamento, antes pelo
contrário.“Acho que os partidos políticos
continuam a ter um papel absolutamente fundamental, são legitimados pelo
voto popular, mas esta melhoria, nesta área, no sentido de um conjunto
de cidadãos poderem apresentar iniciativas que aqui serão debatidas, é
também um passo muito positivo”, insistiu o parlamentar monárquico.Carlos
Furtado, deputado independente (ex-Chega), entende que a proposta tem
apenas um valor “simbólico”, na medida em que os cidadãos vão ter
dificuldade em utilizá-la, mas mesmo assim, votou a favor.“É
simbólico por que, convenhamos, um grupo de cidadãos arranjar 1.500
assinaturas não é fácil” advertiu Carlos Furtado, lembrando que o apoio
jurídico para constituir as iniciativas, também será uma tarefa difícil.Pedro
Neves, do PAN, entende que não é assim tão difícil “arranjar 1.500
pessoas” que subscrevam uma iniciativa legislativa, recordando que ele
próprio, enquanto cidadão, apresentou uma iniciativa semelhante, em
2017, reunindo mais de 1.900 assinaturas, que acabou discutida no
parlamento açoriano.António Lima, deputado
do BE, lembrou que, apesar de já estar prevista na legislação regional,
a possibilidade de os cidadãos poderem apresentar iniciativas
legislativas, só agora passa a estar devidamente regulamentada e disse
esperar que seja usada com frequência.“É
extremamente importante e esperamos nós que surjam iniciativas de
cidadãos que nos cheguem e que possamos debater, independentemente de
concordarmos ou não”, realçou o parlamentar bloquista, lembrando que
isso “será um sinal da vitalidade da nossa democracia”.José
Pacheco, do Chega, entende que esta iniciativa “enriquece a
democracia”, lembrando que as petições, as únicas iniciativas que
permitiam, até agora, a participação dos cidadãos na vida parlamentar
regional, “sabiam a pouco”.“A partir de
agora, os cidadãos podem criar uma lei! Podem, digamos assim, obrigar o
Governo a algo e eu acho isso muito positivo”, frisou o parlamentar do
Chega.Também Nuno Barata, da Iniciativa
Liberal, considera muito positiva a iniciativa agora aprovada, afirmando
que “é um passo em frente na melhoria do processo legislativo e um
passo em frente na democracia e na autonomia” dos Açores.