Grupo VITA lança projeto “Igreja mais segura” para aumentar proteção e transparência
Hoje 11:38
— Lusa/AO Online
“O
projeto ‘Igreja Mais Segura’ é um projeto que tem como fim último
aumentar, não só a capacidade de proteção da própria criança, dos jovens
e dos adultos vulneráveis, mas também tornar isto mais visível,
portanto, criar aqui uma maior proximidade e transparência relativamente
à comunidade”, afirmou Rute Agulhas à agência Lusa.Rute
Agulhas falava à Lusa à margem do congresso internacional “Da Reflexão à
Ação: O Papel da Igreja Católica na Prevenção e Resposta à Violência
Sexual”, que hoje decorre em Fátima.O
Grupo VITA, criado pela Conferência Episcopal Portuguesa para acompanhar
as situações de abuso sexual na Igreja Católica, apresenta-se como uma
estrutura autónoma e independente, que visa acolher, escutar, acompanhar
e prevenir as situações de violência sexual de crianças e adultos
vulneráveis no contexto da Igreja Católica.Segundo
Rute Agulhas, o projeto tem duas fases, a primeira das quais passa por
várias entidades da Igreja assumirem “publicamente um compromisso de
aderirem a esta rede”.“Ao aderirem e
assumirem este compromisso, no fundo estão a comprometer-se com um
conjunto de princípios que vão ser assinados com cada uma destas
entidades”, declarou, explicando que a essas entidades se vai pedir que
façam “uma autoavaliação, um autodiagnóstico” sobre que boas práticas já
estão a ser implementadas e que aspetos têm de ser melhorados.Nesta
primeira fase, as entidades que aderirem recebem um cartaz, que deve
ser afixado de forma pública e que é uma carta de princípios.No
próximo ano, começa a segunda fase, que consiste em, a partir da
autoavaliação feita por cada uma das entidades que aderir (escola,
paróquia, centro social e paroquial, grupo de jovens, escuteiros ou
qualquer outra estrutura da Igreja), “criar um sistema de auditoria
externa”, alinhado “com as recomendações que o Vaticano faz a todos os
países do mundo”.“Esse sistema de
auditoria será constituído por uma equipa com profissionais, não só do
VITA, mas outros profissionais independentes de várias áreas que serão
convidados para o efeito”, adiantou, destacando que vão ser também
envolvidos “vítimas e sobreviventes”.A
coordenadora do Grupo VITA esclareceu que o sistema de auditoria vai
avaliar se as “medidas de correção e de melhoria estão ou não a ser
implementadas”, para sublinhar que vão ser definidos padrões mínimos.A
partir de um conjunto de requisitos mínimos que sejam cumpridos, a
entidade da Igreja recebe o selo protetor “Igreja Mais Segura”.De
acordo com a coordenadora, com o selo “significa que há um conjunto de
requisitos” que a entidade da Igreja está a cumprir em áreas como a
existência de um canal de denúncia, medidas preventivas, recrutamento
seguro, formação e capacitação ou cuidado com os espaços físicos.A
coordenadora do Grupo VITA sustentou ainda que “ter o selo é uma
garantia” para comunidade de que “aquele espaço e aquela entidade é de
facto seguro”.“Uma necessidade que nós
sentimos muito é que haja esta visibilidade, esta transparência para
fora”, disse, assinalando que “há entidades que estão já a pôr em marcha
um conjunto de medidas de proteção e de prevenção, mas quem está do
lado de fora não tem essa noção e acaba por achar que todas as entidades
estão ao mesmo nível e não estão”.