Grupo SATA entre as empresas das ilhas com pior prestação financeira em 2023
4 de dez. de 2024, 17:02
— Lusa/AO Online
As
conclusões foram publicadas num relatório divulgado pelo Conselho
das Finanças Públicas (CFP), organismo independente criado em Portugal
em 2012 e que fiscaliza o cumprimento das regras orçamentais no país e a
sustentabilidade das suas finanças públicas.“O
setor público empresarial regional (SPER) é “afetado em muito pelas
empresas do grupo SATA”, situação que “reforça a necessidade de
continuar a restruturação da SATA, de forma a garantir a sua
sustentabilidade, continuidade de operação e minimização do esforço
financeiro da Região”, segundo o relatório.Apesar
disso, em 2023 o passivo das empresas públicas de transportes e
armazenagem das regiões autónomas diminuiu de forma “muito
significativa”, influenciada pela diminuição do passivo das empresas do
grupo SATA (- 490,8 M€), não apenas por causa do plano de reestruturação
em curso, mas também pela criação da empresa SATA Holding, que acumulou
alguns dos passivos das empresas do grupo.O
Conselho de Finanças Públicas, liderado por Nazaré Costa Cabral,
identifica seis empresas em falência técnica nos dois arquipélagos,
apesar do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) verificado em 2023
nos Açores e na Madeira, acima, até, da média nacional.Na
Madeira, [os resultados líquidos negativos] quase quadruplicaram, de
12,2 para 46,3 milhões de euros, ao passo que nos Açores houve uma
ligeira subida para 4,6 milhões, refere o mesmo relatório, que vem
complementar a análise que o CFP já faz no setor empresarial do Estado.No
documento, a SATA é apresentada como o caso “mais gravoso” entre as 39
empresas analisadas, valendo cerca 83% do valor daquelas que se
encontram numa situação de “falência técnica”.“No
final de 2023, seis empresas do SPER apresentaram capitais próprios
negativos, representando cerca de 15% do universo de empresas analisadas
neste relatório”, adianta o CFP, acrescentando que o capital próprio
das empresas aumentou 258 milhões de euros, para 1.739 milhões.A 31 de dezembro de 2023, as empresas dos Açores representavam, ainda
assim, cerca de metade (638,2 milhões de euros), do capital social das
empresas da Madeira (1.155 milhões de euros).“A
diferença considerável nos capitais próprios das duas regiões é
explicada pelos capitais próprios negativos das empresas do grupo SATA,
considerada nesta análise”, escreve a instituição, no seu relatório
agora divulgado.Na Madeira, o conjunto das
empresas registou “uma deterioração na maioria dos indicadores”,
incluindo o resultado líquido e o EBITDA (lucro antes de juros,
impostos, depreciação e amortização), com destaque negativo para a
SESARAM, a empresa pública ligada ao setor da Saúde.No
global, o setor empresarial estatal (SEE) do país tem um peso de 4,6%
no PIB, mas nos Açores e na Madeira há uma relevância maior, na ordem
dos 7,8% e 6,7%, respetivamente.Os dados
agora divulgados demonstram que as empresas da Madeira somaram 5,2% ao
volume de negócios, em comparação com o ano de 2022, um acréscimo de
33,7 milhões de euros, o que permitiu contrabalançar o crescimento de 29
milhões dos gastos operacionais relevantes, pressionados pelos
salários.Já nos Açores, o volume de
negócios aumentou 87 milhões de euros, comparando com o ano anterior,
correspondendo a um reforço de 14,1%, tendo os gastos com pessoal tido
um impacto no crescimento dos gastos operacionais relevantes.O
Conselho de Finanças Públicas tem por missão avaliar, de forma
independente, a consistência, o cumprimento e a sustentabilidade da
política orçamental, promovendo a sua transparência, de modo a
contribuir para a qualidade da democracia e das decisões de política
económica e para o reforço da credibilidade financeira do Estado.